Sexta-feira (28) registra mais um aniversário de um crime execrável contra defensores da classe trabalhadora que combatiam o trabalho escravo em Minas Gerais. A Chacina de Unaí indignou e comoveu o país. Mas continua impune.
Em 2004, quatro servidores do Ministério do Trabalho foram assassinados, sendo três auditores do trabalho – Aratóstenes de Almeida Gonsalves , João Batista Soares Lage, Nelson Perreira da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira. Todas as vítimas foram executadas com tiros na cabeça.
Passados 18 anos do crime, todos os envolvidos na chacina estão soltos, alguns aguardando o cumprimento de sentença. É o caso dos mandantes dos crimes, Norberto Mânica, Hugo Pimenta e José Alberto de Castro. Cada um desses mandantes foi condenado a mais de 60 anos de prisão.
Apontado pelo Ministério Público como um dos articuladores da chacina e condenado pelo júri popular a mais de 80 anos de prisão, Antero Mânica, ex prefeito da cidade de Unai , teve sua condenação anulada pelo TRF 1 por falhas processuais e aguarda novo julgamento. Já os executores, Erinaldo de Vasconcelos, Rogerio Alan do Santos e Willian Gomes de Miranda foram condenados a mais de 100 anos.
Todos cumprem prisão domiciliar, sendo que Rogerio Alan do Santos está foragido após se envolver em outro crime. Chico Elder Pinheiro, que contratou os pistoleiros para o crime, morreu na prisão em 2013 sem ser julgado. Humberto Ribeiro dos Santos teve a pena prescrita.
Segundo o ex-delegado Regional do Trabalho e atualmente assessor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Carlos Calazans, a luta por justiça continua.
“Seguimos lutando por justiça, apesar de a desesperança bater em nossa porta. Nós, os amigos das vitimas, seus familiares e todos os auditores fiscais do trabalho que lutam por justiça e pelas causas sociais não iremos desistir. Este crime foi contra o Estado Brasileiro e suas Instituições. Passados 18 anos é com tristeza que constatamos a impunidade sobre os mandantes e a liberdade dos assassinos”, lamenta Calazans que se dedica a manter viva a memória do dia 28 de janeiro de 2004.
O dia 28 de janeiro foi instituído o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho e Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo em homenagem aos auditores Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva. Eles foram assassinados quando investigavam denúncias de trabalho escravo em fazendas de Unaí. Na chacina, também morreu o motorista do veículo Ailton Pereira de Oliveira.
Foto: José Cruz/Arquivo Agência Brasil