Negacionismo e autoritarismo ameaçam os bancos públicos, funcionários e clientes, pela ganância de um sistema financeiro cúmplice do genocídio e da destruição do país.
Em sintonia com o presidente Bolsonaro e seu negacionismo, a cadeia de comando nas empresas públicas tem adotado diversas iniciativas que ameaçam a vida de funcionários das empresas públicas e de economia mista, como no sistema Eletrobras, na Caixa e no Banco do Brasil. Ao contrário da atitude altiva da Anvisa, vemos como em outros lugares, o negacionismo, o autoritarismo e o rompimento da cultura organizacional de empresas importantíssimas para o país vai sendo corroído. Desde novembro e em meio à terceira onda, os bancos públicos e privados estão a pleno vapor, fazendo retomar o atendimento presencial como se pandemia não houvesse, como se tivessem se preparado para receber colegas e clientes, como se não estivessem obrigando o retorno de pessoas com comorbidade, lactantes e coabitantes que são chamados ao trabalho presencial sem medidas de proteção, sem distanciamento, sem EPIS adequados à funesta combinação de delta, ómicron, influenza sem vacina, fim do teletrabalho e abertura normal das agências em tempo integral.
O Teletrabalho preservou vidas, foi feito por acordo e negociação. Já o fim do teletrabalho é feito em meio ao crescimento da terceira onda, com delta, ómicron e influenza sem vacina, por imposição unilateral e com risco para funcionários e clientes, de modo abrupto, contra situação de saúde frágil de funcionários com comorbidade, coabitantes e lactantes e documentada diante dos bancos. Na quinta-feira caiu a liminar que protegia os vulneráveis no BB do Distrito Federal. Informa o sindicato de Brasília que “O Ministro Corregedor do TST, Aloysio Silva Corrêa da Veiga, acolheu pedido do banco e suspendeu a liminar do Sindicato, que mantinha os empregados integrantes dos grupos de risco e coabitantes em teletrabalho. A decisão afasta a obrigação imposta ao banco quanto à abstenção de convocar para o labor presencial os trabalhadores considerados grupo de risco da Covid-19 e os coabitantes, até que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional competente.”
É necessário mapear a responsabilidade institucional e individual na decisão acima, a cadeia de comando, os normativos, a responsabilidade dos gestores em cada unidade, a ausência de negociação caso a caso e de onde vem a normativa do retorno de todos, para que sejam atribuídas as responsabilidades a quem botar os colegas e clientes em risco.
O investimento em pessoal, em saúde, em prevenção nos últimos 2 anos e meio X o lucro dos bancos. A ganância é tudo e o cuidado com a saúde e a vida não é nada.
Os colegas estão tendo a saúde em risco apesar do cumprimento e superação das metas e que os bancos não tiveram preocupação, tempo, investimento nem cuidado com funcionários e clientes e vincular o tema a outros exemplos de negacionismo nas empresas e administração pública no meio do aumento da pandemia. A vacinação de crianças obstada pelo governo, os “hackers” e o apagão no conectSUS e nas estatísticas, essa mesma orientação na Eletrobras que está sendo revertida depois do adoecimento de funcionários que não atendem diretamente o público. O sistema financeiro que mais lucra não investe e cria um ambiente insalubre para seus próprios funcionários e clientes porque o presidente é negacionista.
O funcionalismo precisa resistir a medidas irracionais, prejudiciais e insalubres que violam a ética, a ciência, expõem colegas e clientes e tem viés político. A necessidade de reagir institucionalmente com base no código de ética, nos normativos, no acionamento do SESMT e das Cipas, no registro das comorbidades, laudos e acompanhamento dos adoecimentos que haverá e na responsabilização dos que mandaram, com orientações claras para mapear o assédio, a falta de estrutura, a impossibilidade de distanciamento e de cumprimento de medidas normatizadas, mas inviáveis nos locais de trabalho.
É preciso empoderar os colegas para se defenderem nesse cenário com sérias implicações para a ética funcional, a cultura organizacional das empresas que é corroída pelo autoritarismo, o carreirismo e a corrupção de quem faz tudo que o chefe mandar.
O sindicato e o movimento associativo bancário precisam encarar o FATO de que está havendo um surto de NEGACIONISMO e AUTORITARISMO que está abrindo as agências, acabando com o teletrabalho sem negociação e expondo colegas e clientes, quando cresce a terceira onda.
Para resistir a isso é preciso uma crescente mobilização que envolva a categoria e suas forças vivas, notadamente delegados sindicais, cipeiros, o setor de segurança de trabalho, os gestores duplamente pressionados pelas metas e pelas ordens irracionais que vem de cima e que se pede que cumpram ao próprio risco da saúde e da saúde individual e do próprio CPF, pois tem de chamar os doentes e abrir as agências sem condições, nem tempo, nem preparo, sendo CO-RESPONSÁVEIS pelo adoecimento coletivo. Quem responderá por isso? É urgente reunir delegados sindicais, o movimento da saúde do trabalhador, lideranças em um espaço qualificado que arme a resistência, em conjunto com nosso sindicato. A partir desse espaço e das iniciativas deve ser marcada a ASSEMBLEIA GERAL DA CATEGORIA para resistir.
Precisamos contar com nossos parceiros nas mídias independentes para denunciar a erosão institucional do bolsonarismo sobre os bancos públicos, os riscos à saúde de colegas e clientes, o assédio institucionalizado como cadeia de comando a serviço do negacionismo e como o sistema financeiro lucra sem pena nem dó e adoece seus clientes e funcionários. É a cara da desumanidade do fascismo brasileiro, que tem Bolsonaro e os bancos como parceiros do genocídio. Defendamos a saúde do funcionalismo e dos clientes e a própria institucionalidade dos bancos públicos, destroçada pela degeneração do país que se comanda desde o mandatário maior da Nação.
Fundamental é denunciar por dentro da estrutura dos bancos, fazer valer os instrumentos à disposição do funcionalismo legalista e comprometido para que possa lutar, pela norma, ao não aceitar mandonismo nem ilegalidades, através das pesquisas de clima organizacional, das ouvidorias, do não cumprimento das metas, do registro das comorbidades e coabitações, da vinculação à estratégia saúde da família das auto-gestões de saúde, da área de segurança e saúde do trabalho em todos os níveis, da pressão sobre os gestores e da organização sindical por local de trabalho, incluindo reuniões em grandes unidades.
As ações dos comitês de ética solicitando informações sobre as arbitrariedades em curso, sobre os gastos, as normativas que existem (ou é no grito?) e a cadeia de comando que obriga ao retorno e expõe à contaminação. Reunir os conselhos de usuários das auto-gestões em saúde e problematizar o que há, tomar posição e acompanhar o aumento dos gastos dos que adoecem e a capacidade de a estrutura em saúde atender essa crise causada desde cima, e denunciar os danos que essas medidas ocasionam à saúde mental e física dos colegas e para a saúde de clientes, expostos a ambientes que não tiveram a preparação para o novo normal no contexto da pandemia.
Não bastam os juros absurdos e os lucros imorais enquanto a economia desaba, não basta atingir as metas, é corroída a cultura corporativa de empresas fundamentais para o Brasil para mostrar fidelidade ao chefe de turno. Agora, ser bom funcionário é fazer tudo que o chefe mandar, mesmo ameaçando a própria saúde e de familiares, mesmo sendo ilegal, mesmo expondo clientes ao risco. Bonito agora é o funcionário que obedece e adoece. Quem faz isso destrói as empresas públicas e cria uma estrutura que nega a ética e a cultura organizacional das empresas, quebra a solidariedade coletiva e abre espaço para outras arbitrariedades e a corrupção. Quem faz isso impunemente fará muito pior nos meses seguintes, decisivos para o país. A hora é de agir coletivamente em nome da vida, da saúde de colegas e clientes, da cultura de nossas instituições corroídas por arrivistas que estão dispostos a tudo, só assim defenderemos nossa saúde, nossas empresas, nossos clientes e nossa dignidade. Abaixo o negacionismo, pela defesa da vida, da saúde e dos bancos públicos. O sistema financeiro que tanto lucra pode cuidar com responsabilidade de seus funcionários e clientes, e nós podemos nos defender, lutar, e cobrar os crimes que se estão a cometer contra o nosso país.
Bancário Anônimo