O ano de 2021 chega ao fim e junto com ele a certeza que somente com unidade e muita luta poderemos virar o jogo e derrotar o time que mergulhou o Brasil nos rumos da crise, do desemprego e da desesperança.
Estamos diante de um projeto político e econômico que conduz o país para uma situação de terra arrasada, levando nossa economia – que já figurou entre as 10 maiores do mundo -, a um estado de miserabilidade, condenando milhões de brasileiros e brasileiras (48% da população) a uma situação de fome e desespero brutais.
As estatísticas são claras. De acordo com dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), o Brasil possui hoje cerca de 15 milhões de desempregados, 5,7 milhões de desalentados (pessoas que pararam de procurar emprego) e cerca de 33 milhões de subutilizados (pessoas que trabalham menos do que o necessário para seu sustento). Uma foto resultante de um completo desgoverno e descaso com a população que mais precisa.
E, fica pior. Segundo dados do IBGE, no terceiro trimestre de 2021, quando comparado com o mesmo período de 2020, o número de ocupados informais – trabalho por conta própria, sem nenhum direito ou segurança -, avançou 19,3% e a renda média dos trabalhadores está 10% menor.
Soma-se a esse cenário uma grave crise sanitária, iniciada no Brasil em março de 2020, quando recebemos a notícia da primeira morte de um brasileiro vítima da covid-19 e que colocou o país em estado de alerta e isolamento social. Hoje, 21 meses depois, o país computa uma cifra cruel e que nunca sairá das nossas mentes: mais de 617 mil mortes, vítimas não só do vírus, mas de uma postura política genocida, que iludiu milhões em torno da gravidade da crise, da urgência de se garantir a vacina e da importância de se proteger os mais vulneráveis.
Bom! Não há dúvidas que foi um ano difícil e que nos deixou perdas imensuráveis, devido à pandemia e ao projeto representado por Jair Bolsonaro. Apesar de tudo, 2021 se encerra com uma importante vitória: a conquista da vacina. Porque não restam dúvidas que nossa principal batalha nesses 21 meses foi pela vida.
Mesmo depois da vacinação, o Sintaema continuou atento ao cumprimento das normas e cuidados necessários por parte das empresas no sentido de garantir a segurança dos trabalhadores e trabalhadoras, garantir a atuação do sindicato e a proteção da população.
Com a vacina, o sindicato – que não parou, em nenhum momento, a luta pelos direitos da categoria e na defesa de uma Sabesp pública -, de forma gradual e segura, retoma suas reuniões e assembleias para a modalidade presencial e segue firme com a luta por direitos e a fiscalização do governo.
Balanço da luta em 2021
Mesmo diante do quadro ainda de muita insegurança política e econômica, o Sintaema conseguiu fechar bons acordos coletivos sem perdas, sem demissões e com avanços na Sabesp, Saeg, Semasa e em diversas empresas privadas.
Na Sabesp, além da manutenção dos benefícios e reajuste salarial, o acordo teve avanços, como a implantação da lavagem e desinfecção dos uniformes, melhorias no plano de saúde e a eleição para um representante da categoria no Conselho de Administração da empresa, pleitos que foram enfim atendidos.
No que se refere ao lazer, nossa colônia de férias foi reaberta com todos os protocolos de higiene e segurança, e também nossos aposentados e aposentadas já podem vislumbrar a normalização de suas atividades graças à imunização.
No entanto, as exceções ficaram, mais uma vez, por conta da CETESB e Fundação Florestal. Na CETESB, além da suspensão do PPR por conta de decreto do governo estadual, a empresa não cumpriu as sentenças que dão reajustes nos acordos coletivos de 2020 e 2021. No dia 15 de dezembro, após intensa negociação, o Sintaema aprovou junto com a categoria o estado de greve e já organizou agenda de luta para as primeiras semanas de janeiro de 2022.
Já na Fundação Florestal, nossos companheiros e companheiras estão sem reajuste há anos e os guarda-parques estão sobrecarregados, lembrando que eles ajudaram a combater bravamente o incêndio no Parque Estadual do Juquery. Nesta questão, o Sintaema vai intensificar a luta para que a direção da Fundação e o governo valorizem esses trabalhadores que tanto protegem nossa fauna e flora, muitas vezes arriscando a própria vida.
No cenário nacional, o Sintaema se somou a lutas importantes. A exemplo da resistência contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020, a chamada reforma administrativa, que agora está parada em Brasília graças à luta conjunta do movimento sindical e movimentos sociais. Também estivemos presentes nos atos em defesa da vida e contra a carestia – expressada sobretudo no preço dos alimentos e da gasolina – , que tiveram como palavra de ordem o “fora, Bolsonaro”.
Depois da luta inglória contra a promulgação da Lei 14.026, que modifica o marco regulatório do saneamento em nível federal, o Sintaema agora segue uma jornada incansável contra a privatização da Sabesp pretendida pelo governo João Doria. Luta essa que se espalhou por todo o estado com moções de repúdio de câmaras municipais de todas as regiões de São Paulo, apoio de parlamentares (vereadores e deputados) de diferentes siglas, de entidades da sociedade civil e da própria categoria, que está engajada em barrar mais esse ataque.
Outro ponto importante de nossa organização foi a realização do nosso 10º Congresso, um evento extremamente produtivo, com teses sólidas e que nortearão os passos do sindicato e da categoria para os próximos quatro anos.
Vale lembrar que neste ano realizamos o sorteio de prêmios, fechamos parcerias para beneficiar a categoria com a TEM CONVÊNIOS, Cooperativa SBEL e colônias de férias na praia, além de melhorias na Sede do sindicato, como a pintura do prédio e a instalação do elevador.
Dito tudo isso, seguimos com um norte concreto para 2022: no âmbito federal derrubar o governo genocida de Jair Bolsonaro e em São Paulo o governo privatista de Doria, intensificar a luta contra o desmonte do saneamento e a destruição do meio ambiente, reafirmar a água como direito universal e, por fim, abrir caminho para a reconstrução dos direitos sociais e trabalhistas. Para tudo isso, contamos com a força e mobilização da categoria, que sabe que só a luta muda a vida.
Estamos juntos!
* José Faggian é presidente do Sintaema