Por Marcos Aurélio Ruy
No Dia Mundial de Luta Contra a Aids – 1 º de dezembro – como está a situação da doença no Brasil e no mundo? De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) 77,5 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início da epidemia, nos anos 1980, até 2020, com 34,7 milhões de óbitos, sendo 349.784 no Brasil. Um laço vermelho é o símbolo da campanha.
Aliás, “o Brasil se tornou referência no tratamento à Aids, com distribuição gratuita dos remédios pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirma Elgiane Lago, secretária de Saúde da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Mas o presidente Jair Bolsonaro tem dificultado a distribuição de remédios e com preconceito chegou a afirmar em 2020, que as pessoas portadoras de HIV representam “uma despesa para todos no Brasil”, além de “um problema sério para ela mesma”.
Segundo o Portal da Transparência, no entanto, em 2019, foram gastos R$ 1,8 bilhão na compra de remédios para o tratamento de Aids, 0,06% de todos os gastos públicos do governo naquele ano.
“Além de afetar as mulheres de maneira drástica ao serem infectadas por parceiros que não se cuidam”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, “a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, “prega a abstinência sexual como forma de atacar a doença e contra a gravidez precoce, o que não é solução para nada”.
De acordo com Celina, “é necessário haver informação de qualidade para as pessoas saberem evitar tanto doenças quanto gravidez indesejada”.
Recentemente, inclusive, “Bolsonaro em uma live, afirmou, sem prova nenhuma, que a vacina contra a covid 19 facilitava a contaminação pelo vírus HIV”, lembra Débora Melecchi, secretária-adjunta de Saúde da CTB. “O tratamento e a distribuição dos remédios pelo SUS fazem parte de um programa de caráter humanitário”, acentua a sindicalista.
E como “Aids é uma doença que pode atingir qualquer pessoa, é necessário que os gestores fortaleçam ações estratégicas continuadas para que a prevenção se torne um hábito na vida das pessoas”, reforça Débora. Para tanto, “é fundamental ampliar o acesso à testagem regular do HIV nas unidades básicas de saúde e mesmo disponibilizar o auto-teste de HIV, com todas as orientações dos cuidados e locais para dirimir dúvidas”.
Afinal, diz ela, “são quatro décadas de luta contra a Aids”, que teve o primeiro caso diagnosticado em 1981. É preciso garantir “a terapia antirretroviral para todas as pessoas que são diagnosticadas com HIV” com “distribuição massiva do preservativo masculino e feminino e profilaxia pós e pré-exposição sexual ao HIV”, além de “medidas de redução de danos entre pessoas que usam álcool e outras drogas ou fazem tratamento de outras doenças sexualmente transmissíveis”.
Segundo o Ministério da Saúde, há 866 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil, sendo que 135 mil não sabem disso. Por isso, “as ações de tratamento e medicamentos reforçam a necessidade de financiamento sustentável para a implementação de políticas públicas, em especial de atenção básica e vigilância em saúde”, alerta Débora.
Elgiane reforça também a importância da existência do SUS, “o maior sistema universal de saúde público do mundo”. E Débora destaca o papel da ciência que “há anos vem trazendo avanços nos tratamentos com antirretrovirais que possibilitam melhor qualidade de vida para as pessoas que vivem com o HIV”.
Celina lembra que o Dia Mundial de Luta Contra a Aids se insere nos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres porque, segundo a Unaids, metade das pessoas infectadas pelo HIV, em 2020, foram mulheres e meninas.