A taxa de desocupação medida pelo IBGE recuou 1,4 ponto percentual no trimestre compreendido entre junho e agosto, fechando em 13,2%. Mas a população desempregada continua num patamar elevado. Ao todo, 19 milhões de brasileiros e brasileiras estavam desempregados no período, somando 13,7 milhões que estavam procurando emprego durante a pesquisa aos 5,3 milhões de pessoas consideradas desalentadas por desistirem de procurar emprego.
A população ocupada, estimada em 90,2 milhões, cresceu 4% e pela primeira vez no ano ultrapassou 50% da população em idade ativa, fechando o trimestre em 50,9%. A população subutilizada (27,4%) também caiu 1,9 ponto percentual, mas o número ainda assusta: são 31,1 milhões de pessoas trabalhando em tempo parcial, por conta própria ou simplesmente desempregada.
A taxa de informalidade subiu 1,1% para 41,1% da população ocupada, totalizando 37,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras informais. Corroído pela carestia, o rendimento real habitual (R$ 2.489) sofre forte arrocho: -4,3% frente ao trimestre anterior e -10,2% frente a igual período de 2020. Foram as maiores quedas percentuais da série histórica, em ambas as comparações.
Os números refletem dificuldades estruturais e também a frágil recuperação da economia nacional, em harmonia com o recrudescimento da pandemia devido à vacinação e o abrandamento das restrições à circulação das pessoas. Porém, a melhora é notoriamente insuficiente para reparar os estragos no mercado de trabalho provocado pela pandemia e a política fiscal restritiva do governo Bolsonaro.
Somente em 2020 foram destruídos mais de 7 milhões de postos de trabalho, conforme informações do IBGE. A taxa de desemprego aberto de 13,2% é ainda uma das mais altas da história. Em dezembro de 2014 a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,2%, ou seja, menos da metade da atual. Sem a mudança da atual política econômica o mercado de trabalho continuará engessado e o desemprego em massa não será revertido.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (27):
PNAD Contínua: taxa de desocupação é de 13,2% e taxa de subutilização é de 27,4% no trimestre encerrado em agosto
A taxa de desocupação (13,2%) caiu 1,4 ponto percentual ante o trimestre terminado em maio (14,6%) e teve queda de 1,3 p.p. contra agosto de 2020 (14,4%).
Indicador / Período | Jun – Jul – Ago 2021 | Mar – Abr – Mai 2021 | Jun – Jul – Ago 2020 |
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Taxa de desocupação | 13,2% | 14,6% | 14,4% |
Taxa de subutilização | 27,4% | 29,3% | 30,6% |
Rendimento real habitual | R$ 2.489 | R$ 2.602 | R$ 2.771 |
Variação do rendimento real habitual em relação: | -4,3% (queda) | -10,2% (queda) |
A população desocupada (13,7 milhões de pessoas) caiu 7,7% (menos 1,1 milhão de pessoas) ante o trimestre terminado em maio de 2021 e ficou estável na comparação anual.
A população ocupada (90,2 milhões de pessoas) cresceu 4,0% (mais 3,5 milhões de pessoas) ante o trimestre móvel encerrado em maio e subiu 10,4% (mais 8,5 milhões) no ano. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar), estimado em 50,9%, cresceu 2,0 p.p. no trimestre e 4,1 p.p. no ano.
A taxa composta de subutilização (27,4%) caiu 1,9 p.p. no trimestre e recuou 3,2 p.p na comparação anual. A população subutilizada (31,1 milhões de pessoas) caiu nas duas comparações: -5,5% (-1,8 milhão de pessoas) no trimestre e -6,6% (-2,2 milhões) no ano.
A população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas (7,7 milhões de pessoas) cresceu 4,7% (mais 343 mil pessoas) no trimestre e subiu 29,2% no ano.
A população fora da força de trabalho (73,4 milhões) caiu em ambas as comparações: -3,2% (menos 2,4 milhões) no trimestre e -7,3% (menos 5,8 milhões de pessoas) no ano.
A população desalentada (5,3 milhões de pessoas) caiu 6,4% ante o trimestre anterior (menos 368 mil pessoas) e recuou 8,7% (menos 508 mil pessoas) no ano. O percentual de desalentados na força de trabalho ou desalentada (4,9%) recuou -0,4 p.p. no trimestre e 0,9 p.p na comparação anual.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 31,0 milhões de pessoas, subindo 4,2% (1,2 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e 6,8% (2,0 milhões) ante o mesmo trimestre de 2020.
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (10,8 milhões) subiu 10,1% (987 mil pessoas) no trimestre e 23,3% (2,0 milhões de pessoas) no ano, as maiores variações da série histórica, em termos percentuais e absolutos, na comparação anual.
O número de trabalhadores por conta própria (25,4 milhões de pessoas) foi recorde da séria histórica, com altas de 4,3% (mais 1,0 milhão de pessoas) no trimestre e de 18,1% (3,9 milhões de pessoas) na comparação anual.
O número de empregadores (3,8 milhões) ficou estável nas duas comparações.
O número de trabalhadores domésticos (5,5 milhões) aumentou 9,9% (mais 497 mil pessoas) no trimestre e mais 21,2% (mais 965 mil pessoas) no ano. As variações percentuais e absolutas em ambas as comparações foram recordes.
A taxa de informalidade foi de 41,1% da população ocupada, ou 37,1 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior, a taxa havia sido de 40,0% e no mesmo trimestre de 2020, de 38,0%.
O rendimento real habitual (R$ 2.489) caiu em ambas as comparações: -4,3% frente ao trimestre anterior e -10,2% frente a igual período de 2020. Foram as maiores quedas percentuais da série histórica, em ambas as comparações. A massa de rendimento real habitual (R$ 219,2 bilhões) ficou estável em ambas as comparações.
Taxa de desocupação – Brasil – 2012/2021
No trimestre móvel de junho a agosto de 2021, a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas), estimada em 103,8 milhões, aumentou 2,3% (mais 2,3 milhões de pessoas) ante o trimestre anterior e 8,8% (mais 8,4 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2021.
O número de empregadores (3,8 milhões) mostrou estabilidade nas duas comparações.
O número de empregados no setor público (11,6 milhões de pessoas), que inclui estatutários e militares, apresentou queda de 3,1% frente ao trimestre anterior e manteve-se estável contra o mesmo trimestre do ano anterior.
Entre os grupamentos de atividades, ante o trimestre anterior, houve altas em: Indústria Geral (5,3%, ou mais 578 mil pessoas), Construção (10,0%, ou mais 620 mil pessoas), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (7,8%, ou mais 1,2 milhão de pessoas), Transporte, armazenagem e correio (4,9%, ou mais 215 mil pessoas), Alojamento e alimentação (10,2%, ou mais 424 mil pessoas) e Serviços domésticos (9,7%, ou mais 495 mil pessoas).
Houve redução no grupamento de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,2%, ou menos 367 mil pessoas).
Taxa composta de subutilização – Trimestres de junho a agosto– Brasil – 2012 a 2021 (%)
Ante o mesmo trimestre móvel de 2020, houve altas na ocupação dos grupamentos: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (9,2%, ou mais 759 mil pessoas), Indústria Geral (9,4%, ou mais 991 mil pessoas), Construção (24,7%, ou mais 1,3 milhão de pessoas), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (11,1%, ou mais 1,7 milhão de pessoas), Transporte, armazenagem e correio (12,9%, ou mais 522 mil pessoas), Alojamento e alimentação (23,9%, ou mais 886 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (8,9%, ou mais 881 mil pessoas), Outros serviços (7,8%, ou mais 306 mil pessoas) e Serviços domésticos (21,3%, ou mais 981 mil pessoas). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa.
Quanto ao rendimento médio real habitual, ante o trimestre móvel anterior, não houve alta em qualquer categoria. Houve redução nos seguintes grupamentos: Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (6,3%, ou menos R$ 248) e Serviços domésticos (2,8%, ou menos R$ 27).
Frente ao mesmo trimestre de 2020, não houve crescimento em qualquer categoria. Houve redução nos seguintes grupamentos: Indústria (13,8%, ou menos R$ 396); Construção (9,2%, ou menos R$ 187); Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (9,6%, ou menos R$ 207); Alojamento e alimentação (11,6%, ou menos R$ 196); Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (8,4%, ou menos R$ 324); Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (7,2%, ou menos R$ 288); Outros serviços (10,1%, ou menos R$ 201) e Serviços domésticos (7,5%, ou menos R$ 76).
Entre as posições de ocupação, ante o trimestre móvel anterior, não houve crescimento em qualquer categoria. Houve redução nas seguintes categorias: Trabalhador doméstico (2,8%, ou menos R$ 27) e empregado no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (4,4%, ou menos R$ 184). Na comparação com o trimestre de junho a agosto de 2020, todas as posições apresentaram redução.