A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) marcou presença no 1º Congresso Latino-Americano de Trabalhadores das Artes Plásticas e Visuais, realizado em 21 de setembro pela FSM (Federação Sindical Mundial). Cerca de 50 artistas – de Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai, Brasil, Uruguai, Peru, Bolívia e outros países – participaram da programação, que foi 100% virtual.
A FSM já havia realizado congressos de Artistas Plásticos em outras regiões, como Europa e Ásia. Na América Latina, a coordenação ficou sob responsabilidade da Unav (União dos Artistas Visuais da Argentina).
Quem representou na CTB no Congresso foi a artista plástica Mazé Leite, do Ateliê Contraponto de Arte Figurativa. “Há muitos problemas que são comuns a todos: imposição do mercado neoliberal de arte que deixa de fora outras linguagens artísticas, falta de espaços e de reconhecimento dos poderes públicos, assim como perseguição política contra alguns artistas que se posicionam contra seus governos, em especial no Peru e Colômbia – mas também no Chile. Aqui pelo Brasil também já houve alguns ataques a trabalhos artísticos recentemente”, destaca Mazé.
Em sua intervenção, a artista brasileiro denunciou o governo Jair Bolsonaro, “que tem criado as piores condições de vida para todos nós, incluindo os artistas”. Ela lembrou a crise econômica no País, o avanço da fome e a política genocida do presidente frente à pandemia de Covid-19, que já resultou em quase 600 mil mortes.
“Do lado da arte e da cultura, não temos mais o Ministério da Cultura, nem políticas culturais democráticas”, reforçou Mazé. “Pelo contrário, os babacas deste governo troncho querem impor uma ideologia conservadora que, se fosse implantada, representaria a destruição das nossas culturas – a popular, a indígena, a afro-brasileira, etc.”
A ideia lançada por este 1º Congresso é fazer um esforço – em toda a América Latina – para que artistas plásticos e visuais sejam reconhecidos como trabalhadores com direitos, como quaisquer outros. “Até hoje, predomina o mito de que quem pinta e desenha faz isso por hobby. Somos artistas, e nosso ofício envolve muito trabalho”, afirma Mazé.
Outro ponto que une esses artistas é o esforço “quase solitário” para se manterem em atividade, sem muito apoio de políticas públicas – “e, no caso do governo brasileiro, sem nenhum”. Os governos mais democráticos são os que procuram olhar mais para a realidade desses trabalhadores.
O congresso propôs também uma articulação latino-americana de artistas, que já se encontra em andamento. Logo após a atividade, foi criado um grupo de WhatsApp. Os representantes da América Latina devem produzir, ainda, um documento com suas reivindicações, assim como um manifesto, que será encaminhado à FSM.