A professora amazonense Beatriz Calheiro de Abreu, a Bia, é a nova secretária de Políticas para a Juventude Trabalhadora da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Eleita para o cargo no 5º Congresso Nacional cetebista, em agosto, ela prevê uma série de desafios ao longo do mandato de quatro anos (2021-2025). Mas, segundo Bia, lutar pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro é a prioridade
“A tarefa nº 1 é mobilizar os jovens trabalhadores do campo e da cidade para derrotar Bolsonaro. Concomitante, precisamos estar juntos aos desafios da juventude, garantindo a ampliação da luta, a manutenção do movimento sindical e a sua renovação”, afirma Bia nesta entrevista ao Portal CTB.
Formada em História pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas), a sindicalista, de 31 anos, iniciou a militância no movimento estudantil – ela foi presidenta do Centro Acadêmico de História da Ufam e da UEE-AM (União Estadual dos Estudantes do Amazonas). Atriz, coordenou também a seção amazonense do Cuca da UNE (Circuito Universitário de Cultura e Arte da União Nacional dos Estudantes).
No movimento sindical, é secretária da Juventude Trabalhadora do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas) e diretora de Formação da CTB Jovem. “Não há saídas para os trabalhadores que não seja na luta”, diz ela. “A juventude quer e precisa viver, estudar, trabalhar, amar e se organizar!”
Confira abaixo sua entrevista.
Portal CTB: Em que medida o governo Bolsonaro compromete o futuro da juventude que, hoje, busca oportunidades de estudo e de trabalho?
Beatriz Calheiro: O governo compromete a vida da juventude a ponto de estudantes “aproveitarem” o isolamento durante a pandemia e a suspensão das aulas presenciais para começar a trabalhar, vendendo todo tipo de mercadoria, por exemplo, nos sinais de trânsito. Ou ainda, ampliando sua jornada de bicicleta, moto ou carro para garantir mais entregas para as plataformas, em busca de alcançar um salário condizente com as despesas básicas – cujo valor aumentou muito.
Isso porque Bolsonaro não quis garantir a vacina contra a Covid-19, nem o auxílio emergencial – ambos só saíram com muita pressão, aquém do tempo e do valor necessários. O resto, estamos todos acompanhando.
Na medida em que foi mais importante para os jovens trabalhadores e suas famílias procurarem formas de sobrevivência – do que se preservar ou estudar –, houve uma inversão de valores, que só atingiu a classe trabalhadora, seus filhos e filhas. Como se já não bastasse a pandemia para afetar os sonhos da juventude, as incertezas e preocupações se agravaram com a política de morte de Bolsonaro, com quase 600 mil vítimas da Covid-19.
Portal CTB: Por tradição, a juventude milita especialmente pela via do movimento estudantil. Qual a importância de jovens trabalhadores se organizarem e irem à luta?
Beatriz Calheiro: É fundamental ter perspectiva organizativa para vida da classe trabalhadora no movimento estudantil. A escola, o curso técnico, a graduação e até a pós – consequentemente, o mundo do trabalho – são etapas necessárias do desenvolvimento individual e coletivo.
Não há saídas para os trabalhadores que não seja na luta. Naturalmente, a organização dos jovens deve ser cada vez mais forte, porque a juventude quer e precisa viver, estudar, trabalhar, amar e se organizar!
Portal CTB: Quais são os desafios da Secretaria de Políticas para a Juventude Trabalhadora?
Beatriz Calheiro: A tarefa nº 1 é mobilizar os jovens trabalhadores do campo e da cidade para derrotar Bolsonaro. Concomitante, precisamos estar juntos aos desafios da juventude, garantindo a ampliação da luta, a manutenção do movimento sindical e a sua renovação.
Cerca de 70% dos jovens que trabalham estão no mercado informal – longe, portanto, da base do movimento sindical. É importante que possamos alcançá-los. Para isso, a organização das coordenações estaduais da CTB Jovem – que possui menos critérios no processo de participação no movimento – é fundamental.
Outro desafio é melhorar nossa comunicação e formação, através de ações em rede, divulgando os cursos oferecidos com a temática de juventude, para que o conteúdo chegue a um número maior de sindicalistas, jovens e não jovens, bem como da juventude trabalhadora de maneira geral.
É preciso fortalecer a participação dos jovens que já atuam nas categorias organizadas na CTB. Temos de articular alternativas, seja com horários e dias flexíveis, seja com ações de caráter social que implementem cursinhos preparatórios para concursos públicos, profissionalizantes e pré-vestibular.
Vamos intensificar nossa parceria com outros movimentos sociais, em especial o comunitário, estudantil e feminista, além de manter nossa forte atuação internacionalista. Mas, do primeiro ao último desafio, queremos manter a esperança e motivar todas as gerações a seguir lutando pelo Brasil dos nossos sonhos!