Por Adilson Araújo, presidente da CTB
Paulo Freire foi um eminente educador brasileiro, teórico da Educação, autor da Pedagogia do Oprimido e secretário da Educação de São Paulo no governo Erundina (1989-1992). Uma personalidade reconhecida e enaltecida mundialmente por sua revolucionária contribuição ao ramo e dedicação às causas dos oprimidos.
Teria completado 100 anos, se ainda estivesse vivo, no domingo (19). O centenário foi lembrado e homenageado inclusive pela Google LLC, a poderosa multinacional de serviços online e software dos Estados Unidos.
Para lembrar a histórica data, a empresa mudou o próprio logo, trocando-o pela foto de Paulo Freire.
O fato despertou fúria e ódio no Clã Bolsonaro, que não preza nem pratica a Educação, mas como contrapartida é campeão absoluto em matéria de obscurantismo, negacionismo e ignorância.
Teria a Google aderido ao comunismo?
Não é que o deputado Eduardo Bolsonaro está agora insinuando nas redes sociais que a Google virou comunista?
Parece até Fake News. Mas é a mais pura verdade. Transcrevo abaixo um pouco das bobagens que o 03 do presidente postou domingo no twitter:
“Em datas como Natal e Páscoa, o Google se recusa a mudar a logo para homenagear Jesus Cristo. Mas, mudam (sic) para enaltecer o comunista responsável pela destruição da educação no Brasil. A guerra não é só política e cultural, é também espiritual.”
O pai, que está hoje nos Estados Unidos, provavelmente já alertou o governo Biden, que afinal também tem interesse em conter a ascensão da China comunista, esta perigosa potência oriental que lidera o chamado globalismo marxista.
Pegadas fascistas
O 03 não é o único nem o primeiro integrante do Clã a atacar Paulo Freire. Ele apenas segue as pegadas do pai fascista, que em dezembro de 2019 babou ódio diante das câmeras de televisão ao chamar o ilustre educador de “energúmeno”, uma palavra que por sinal lhe cai muito bem.
Paulo Freire, diga-se de passagem, nunca foi filiado ao Partido Comunista nem a nenhum outro partido político, conforme lembrou a deputada federal e ex-prefeita de São Paulo.
“Nunca foi um militante de esquerda. A revolução que ele fez, uma revolução irreversível, foi a revolução da educação. Tanto é que a ditadura o castigou, o puniu, o perseguiu, inclusive com exílio, por suas ideias como filósofo da educação”, afirmou a parlamentar.
Foi um brasileiro sábio, sensível aos dramas dos oprimidos, uma fonte de luz, que compreendia e exercia a nobre arte de ensinar como um ato de amor. Foi condecorado com o título de patrono da educação brasileira pela Lei 12.612/12.
Em contraste, o Clã Bolsonaro, embriagado e enlouquecido pelo anticomunismo, é a encarnação da ignorância, do obscurantismo e do ódio que chegaram ao Palácio do Planalto na carona de um golpe de Estado e mergulharam o Brasil nas sombras da morte e no caos social, político e institucional.
Paulo Freire vive e viverá para sempre na memória nacional como um herói do povo brasileiro. Já o pesadelo bolsonarista não há de durar muito e ficará registrado como uma página sombria e fúnebre da nossa história.