Movimentos populares e entidades que compõem a Campanha Nacional Fora Bolsonaro protocolaram junto ao Ministério Público de São Paulo, nesta quinta-feira (19), uma representação para que o órgão tome providências no sentido de que a avenida Paulista seja reservada para manifestação contra o presidente no dia 7 de setembro. O ato, que acompanhará uma mobilização nacional contra Bolsonaro, dando sequência aos atos que têm ocorrido desde o início do ano, está marcado desde julho – e a data foi definida logo após a última grande manifestação do “Fora Bolsonaro”, em 24 de julho.
A Polícia Militar, no entanto, informou aos movimentos que bolsonaristas já marcaram um ato na avenida Paulista para o dia 7 de setembro. Os direitistas pretendem sair às ruas para pedir voto impresso e encampar pautas golpistas, como a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O argumento da PM é que, desde o ano passado, ficou determinado que grupos apoiadores do presidente e oposição revezariam a avenida Paulista – isto é, não poderiam realizar atos nas mesmas datas. A corporação justificou dizendo que, no dia 24 de julho, foi dada preferência aos grupos de oposição, que utilizaram a via. Acontece que, naquele dia, os grupos de direita não requisitaram ato no local. O pedido foi feito em caráter individual para um ato de cunho religioso.
Grito dos Excluído
Na ação apresentada ao MP, os organizadores dos atos contra Bolsonaro apresentaram esses fatos e adicionaram, ainda, que a manifestação seria realizada em conjunto com o Grito dos Excluídos, grupo que protesta há mais de 25 anos em São Paulo todo dia 7 de setembro – há 12 anos o ato é realizado na Paulista. “É importante frisar que o Grito dos excluídos é um conjunto de manifestações populares que ocorrem anualmente em 7 de setembro, desde 1995, com iniciativa ligada à Igreja Católica, especialmente à CNBB”, diz um trecho da ação.
“É uma das mais importantes manifestações sociais do país, sendo realizada em diversas cidades e estados da federação de forma pacífica e organizada e, em São Paulo, acontecendo há 12 anos na Avenida Paulista. Além disso, a campanha ‘Fora Bolsonaro’ tem realizado atos por todo o país nos últimos meses, de forma pacífica”, agrega o texto.
Os autores ainda argumentam que a última manifestação na Avenida Paulista foi realizada em 1º de agosto pelos grupos de direita. Ou seja, a oposição a Bolsonaro teria a preferência desta vez. “Agora é nosso direito, em observância à determinação judicial”, afirmou à Fórum Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central dos Movimentos Populares (CMP), que integra a Campanha Fora Bolsonaro.
“Além do mais, o Grito dos Excluídos é realizado há anos na Avenida Paulista. Não vamos desistir de nosso direito de promover nossa mobilização, na Avenida Paulista, pela aceleração da vacina, empregos, auxílio de R$ 600 reais e pelo Fora Bolsonaro”, acrescenta. “O outro grupo defende armamento, intervenção militar. Nós defendemos a vida e a democracia. A vida deve ter prioridade.”
Assinaram a ação as seguintes organizações: Acredito, Central de Movimentos Populares (CMP), Coalizão Evangélica Contra Bolsonaro, Coalizão Negra por Direitos, Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo (Facesp), Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet), Frente Brasil Popular, Frente Cristã Socialista, Frente Povo Sem Medo, Intersindical Marcha Mundial de Mulheres, Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Movimento de Mulheres Olga Benário e Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTS) e União Brasileira de Mulheres (UBM).
Fonte: Revista Fórum