Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão em 2001 para derrubar o governo formado pelos talibãs e sob a justificativa de combater o terrorismo após os atentados contra as torres gêmeas em 11 de setembro.
No domingo (15), 20 anos depois da arrogante invasão, os talibãs retomaram Cabul, a capital afegã. O acontecimento, que domina as manchetes desta segunda-feira, significa mais um rotundo fracasso da política imperialista e uma notória derrota geopolítica de Washington.
Esta derrota, aliás, já está sendo sublinhada pelo fato de que o governo instalado pelo talibã já assume anunciando uma aliança com a vizinha China, país com o qual o Afeganistão faz fronteira e cuja economia já é a dominante no leste da Ásia.
China e Rússia continuam com suas embaixadas funcionando normalmente no país.
Surpreendeu os observadores a velocidade dos eventos. O governo fantoche e corrupto de Cabul, instalado e apoiado por Washington, não sobreviveu muitos dias após a retirada das tropas imperialistas. Não sobreviveu porque não tinha o menor respaldo popular, viveu à sombra das tropas imperialistas.
O povo repudiou a invasão e celebrou a retirada dos militares estadunidenses. O legado da invasão criminosa promovida unilateralmente pelo governo dos EUA, à época liderado pelo funesto George Bush, é trágico.
Destruição generalizada da economia durante a guerra, milhões de pessoas desalojadas e cortes de ajuda externa precipitaram o Afeganistão numa dolorosa crise social.
Segundo a ONU, mais de 100 mil civis foram mortos ou feridos no conflito apenas na última década. Desde o início da guerra, os EUA teriam gasto mais de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,2 trilhões) em despesas militares no Afeganistão.
Esses gastos têm impacto negativo sobre as contas deficitárias do país e contribuem para a decadência do império, cuja economia foi superada pela chinesa em vários setores estratégicos, a começar pela indústria e o comércio exterior.
A política imperialista é contraproducente inclusive para a geopolítica do país.