O 5º Congresso Nacional da CTB se aproxima e a Central realiza uma série de entrevistas para fazer balanço da luta, analisar o atual cenário do país. Confira a entrevista com Vânia Marques Pinto, secretária de Política Sociais da CTB e secretária de Política Agrícola da Contag.
Vânia Marques Pinto é a primeira mulher a ser eleita para a Secretaria-Geral da Fetag-BA
1 – A CTB realiza seu 5º Congresso quais são suas expectativas e como os rurais se posicionam neste processo?
Vânia Marques Pinto: Na atual conjuntura crítica que o país atravessa e dado as circunstância dos últimos ataques que os movimentos sociais e sindical têm sofrido, mais do que nunca é necessário ter uma boa articulação com vistas a construir uma frente ampla. Então, são grandes as expectativas com o 5º Congresso e trabalhamos para construir um evento exitoso, mobilizando o maior número de filiados à Central, mulheres, jovens, rurais, e garantindo sua efetiva participação e representatividade.
5º Congresso da CTB: confira a programação
2 – A luta pelo fortalecimento da agricultura familiar sempre esteve na linha de frente da CTB. Pode fazer um balanço das últimas lutas e a importância de uma central nacional neste processo?
Vânia Marques Pinto: Desde 2016 a gente tem enfrentado grandes desafios e travado várias lutas, entre elas, contra a reforma trabalhista e a reforma da previdência, reformas que impactaram tanto no campo como na cidade. Lembrando que a reforma da previdência foi um tiro em cheio contra os rurais, visto que na grande maioria dos municípios do Brasil é a aposentadoria que aquece a economia das cidades e garante o sustento de parte importante da cadeia produtiva. Então, a luta contra essa reforma foi muito importante, sobretudo para as mulheres do campo.
E, mesmo sob forte ataque, a CTB nunca se furtou da luta, sempre mobilizando e organizando ações para defender os direitos da classe trabalhadora e atuando nas articulações políticas para minimizar os danos para o conjunto da classe trabalhadora.
CTB rumo ao 5º Congresso Nacional
3 – O Brasil vive uma grave crise sanitária e econômica e, desde 2016, as agricultoras e agricultores veem políticas importantes serem desmanteladas. Como você avalia esse cenário?
Vânia Marques Pinto – O cenário de crise se aprofunda duplamente, seja pelo fim de políticas fundamentais para o campo e para a cidade, seja pela ausência de investimentos no âmbito das políticas públicas para garantir uma retomada da economia, com emprego e renda dignos.
É o que vemos na agricultura familiar. Além dos cortes em programas como o PENAE, vemos a inércia do governo em garantir investimentos para que as trabalhadoras e trabalhadores da agricultura possam produzir e comercializar os seus produtos.
Lembrando que o fortalecimento de políticas públicas é fundamental, justamente, para aqueles que têm menos recursos financeiros e estão menos organizados do ponto de vista da produção e da comercialização.
4 – Como vê esse cenário e qual o caminho para reverter essa investida ultraliberal no Brasil?
Vânia Marques Pinto – Para reverter esse projeto ultraliberal que se instalou no Brasil precisamos, primeiro, derrotar o governo de Jair Bolsonaro, que já deu provas claras de que seu projeto é destruir, desmontar e atentar contra a vida do nosso povo. Também é necessário que a gente construa caminhos para retomar um projeto que garanta desenvolvimento com soberania e geração de emprego e renda.
Ou seja, precisamos galvanizar o caminho até 2022 e garantir que nas casas legislativas tenham representantes da classe trabalhadora do campo e da cidade, só assim conseguiremos trabalhar por uma mudança estrutural. A mudança não pode ser só do presidente, mas também daqueles que votaram contra nós ao aprovar propostas como as reformas trabalhista e da previdência.
Da Redação, Joanne Mota