O fim da tarde desta quarta-feira (23) foi marcado por mais uma baixa no combalido governo Bolsonaro. O ministro da boiada no Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou em entrevista coletiva a sua demissão do governo Bolsonaro.
Acossado por duas investigações na Justiça e sob forte suspeita de corrupção – subjacente ao relacionamento pouco republicano que manteve com ruralistas criminosos, contrabandistas de madeiras e inimigos do meio ambiente enquanto esteve à frente da pasta -, Salles foi convencido a abandonar o cargo.
Ele ganhou seus 15 minutos de fama com a divulgação do vídeo da fantástica reunião ministerial realizada em abril de 2020 em que falou que, com a covid-19 ocupando as manchetes, era chegada a hora de passar a boiada no meio ambiente, flexibilizando e abolindo leis, portarias e resoluções criadas para proteger o meio ambiente.
Suas ligações com contrabandistas de madeiras e promotores de queimadas e desmatamentos despertaram indignação internacional e contribuíram para manchar ainda mais a imagem do Brasil no exterior, degradada pela diplomacia vira-lata de Bolsonaro e o ex-ministro Ernesto Araújo.
O que se pode dizer sobre a saída do ministro dos ruralistas? Já vai tarde. Isto ainda não significa, infelizmente, mudança nos rumos da política do governo Bolsonaro para o Meio Ambiente, que corresponde à ideologia obscurantista do líder da extrema direita brasileira. Joaquim Alvaro Pereira Leite, burocrata do Ministério também ligado aos ruralistas e aliado de Salles, foi nomeado pelo presidente como novo ministro.