Por Iram Alfaia
O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), revelou documentos apontado que a Pfizer enviou 81 emails ao governo Bolsonaro oferecendo vacinas contra a Covid-19 desde março do ano passado, sendo que 90% deles não tiveram resposta alguma. “Se faltam vacinas é por omissão do governo federal!”, criticou o senador nesta quarta-feira (9) durante o depoimento do coronel Elcio Franco, ex-braço direito do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Em agosto do ano passado, a Pfizer ofereceu 100 milhões de doses de vacinas, sendo garantidas 1,5 milhão de doses entregues em dezembro do ano passado. O Brasil só iniciou a vacinação no final de janeiro deste ano com a CoronaVac, do Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, imunizante rejeitado, inicialmente, por Bolsonaro.
Elcio Franco culpou as cláusulas “leoninas” exigidas pela Pfizer pelo atraso nas negociações. Além de uma legislação específica, o ex-secretário executivo da pasta disse que farmacêutica exigia ativo no exterior como um prédio de uma embaixada. “Senhor, isso tudo não valeria a vida de brasileiros?”, questionou Randolfe, para quem o governo agiu deliberadamente para não comprar o imunizante.
Sobre a falta de legislação, o ex-secretário apontou entrave jurídico e falta de consenso dentro do governo na elaboração de uma medida provisória que contemplasse as exigências da farmacêutica. “Temos provas de que havia consenso, até faltar a assinatura do presidente. Resolvemos o entrave via Congresso, que poderia ter sido resolvido pelo governo e antecipado a vacina para o Brasil. O único entrave era a omissão do governo!”, criticou o vice-presidente da comissão.
“Braço direito de Pazuello não convence. Entra em contradição e nega suas próprias declarações exibidas em vídeo. Resultado: o Brasil tem 2,7% da população mundial e responde por 13,7% das mortes por Covid-19. Muitos serão responsabilizados por esse morticínio”, previu o relator Renan Calheiros (MDB-AL).
CoronaVac
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), a vacinação no país poderia ter começado em dezembro com a CoronaVac. O Instituto ofertou 60 milhões de doses, mas Bolsonaro mandou suspender as negociações em outubro do ano passado.
“Se o governo Bolsonaro tivesse apostado na vacina da Butantan, nós teríamos começado a vacinação em dezembro do ano passado. Quantas vidas teriam sido poupadas? Bolsonaro não colocou 1 real na CoronaVac por briga política com o governador de São Paulo (joão Doria)”, criticou o senador.
Franco disse que o Ministério da Saúde não fez contrato com Instituto Butantan em outubro de 2020, quando foram ofertadas as 60 milhões de doses da CoronaVac, porque ainda não havia sido concluída a fase 3 de estudos clínicos. A fala dele não convenceu os senadores da oposição.
“O responsável por essa tragédia é Bolsonaro. Os depoentes aqui na CPI só obedeceram ao genocida”, disse Humberto Costa.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado