A apuração dos votos no Peru segue lenta, mas os últimos resultados oficiais, divulgados pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), com 96,79% dos votos apurados, revela que o candidato da esquerda, Pedro Carrillo, ampliou a vantagem e lidera com 50,25% dos votos contra 49,74% de Keiko Fujimori. A candidata de extrema direita flerta com o golpismo ao insinuar que não vai acatar os resultados do pleito. O ex-presidente da Bolívia, vítima de um golpe em 2019, denuncia o discurso da direita racista, fascista e golpista.
Leia a matéria publicada pela Prensa Latina nesta terça (8)
O ex-presidente boliviano Evo Morales pediu hoje respeito aos resultados oficiais do segundo turno presidencial no Peru que mostram Pedro Castillo à frente de Keiko Fujimori.
Tática golpista
‘O mesmo discurso da direita racista, fascista e golpista: denuncia a ‘fraude’ sem provas e ataca a democracia que afirma defender’, alertou o líder do Movimento pelo Socialismo em sua conta no Twitter.
Donald Trump, nos Estados Unidos; Carlos Mesa, na Bolívia; e Fujimori, no Peru, repetem a mesma mentira e ignoram o voto do povo, alertaram o ex-mandatário (2006-20019), que foi deposto por um golpe que utilizou, com respaldo da OEA, denúncias irregularidades no processo eleitoral, sem demonstrá-las, para o assalto ao poder. Depois ficou provado que não houve irregularidade.
Um relatório do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) mostra, com um total de 96,79% dos votos contados até agora, o professor rural Castillo liderando a corrida presidencial com 50,25% a seu favor em relação aos 49,74% da candidata neoliberal.
Acusações sem fundamento
Fujimori, apesar das declarações de que não faria nenhuma declaração até que a contagem final fosse anunciada, disse em uma entrevista coletiva no dia anterior que há ‘uma intenção clara de boicotar a vontade do povo’.
Junto com seus candidatos à primeira e segunda vice-presidências, Luis Galarreta e Patricia Juárez, ela apresentou vídeos sobre supostos sinais de fraude atribuídos ao partido Peru Libre e, em sua maioria, descritos pelo ONPE como incidentes isolados.
O ex-candidato de esquerda ao Congresso unicameral do Peru José de Echave lembrou a atitude de Fujimori quando, em 2016, recusou-se a reconhecer sua derrota contra Pedro Pablo Kuczynski, alegando fraude, e sua maioria no parlamento desencadeou uma crise política aguda e prolongada.
A exemplo do que se verificou na Bolívia, a suspeita não tem fundamento na realidade, não tem o respaldo de observadores internacionais, que atestam a lisura do pleito, e foi desqualificada pelo partido de Pedro Carrillo. “Rejeitamos as declarações da candidata Fuerza Popular, lembrando-lhe que o Peru Libre nunca recorreu à fraude eleitoral, pelo contrário, sempre foi vítima dela”, afirmou a sigla no Twitter.
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