Por Francisca Rocha (Charge do The Economist)
Cada dia que passa, mais brasileiras e brasileiros são infectados pelo coronavírus e milhares morrem todos os dias, sem que o desgoverno Bolsonaro tome as providências essenciais para o combate à doença, com base nos preceitos da ciência.
A CPI da Covid expõe diariamente as mentiras da base governista, na tentativa de blindar o presidente e tirar as suas responsabilidades na governança do país. A cara de pau de alguns depoentes beira a criminalidade.
São mais de 440 mil mortos em pouco mais de um ano e o desgoverno só tratou de comprar vacinas quando o país já estava nas cordas e o desespero tomou conta da população.
Em meio a tudo isso, a Polícia Federal investiga o ainda ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sob a acusação de pertencer a grupos de criminosos contra o meio ambiente. Para Bolsonaro pouco valem as acusações dos ambientalistas, desde sempre.
Como mostra o instituto Imazon, em abril ocorreu o maior desmatamento, em um mês, da floresta Amazônica e o desgoverno não faz nada. Pelo contrário, incentiva o desmatamento, as queimadas, a invasão de terras indígenas e quilombolas, destrói a natureza, as florestas e as riquezas do nosso solo e subsolo.
Como se isso não bastasse, o desgoverno é subserviente aos interesses do capital estrangeiro, essencialmente dos Estados Unidos. Entrega as maiores estatais brasileiras a esses capitalistas, pouco se importando com os interesses nacionais e com as áreas estratégicas para um desenvolvimento soberano.
Ataca a educação em todos os níveis. Agride professoras e professores, corta investimentos da educação pública. Corta investimentos em pesquisa e ciência. As universidades federais correm sério risco inclusive de fechar as portas porque estão sem dinheiro para continuar funcionando. O ensino básico está precarizado, os profissionais ganham muito mal, as escolas estão desestruturadas.
A pandemia desnudou o caráter perverso e entreguista desse desgoverno, o pior da história republicana. A pobreza extrema cresce e nem um auxílio emergencial razoável, Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes pagam. E com a desculpa de manter a economia funcionando, economia que não funciona desde 2019, quando Bolsonaro tomou posse, não faz lockdown, não faz campanha suficiente sobre a necessidade do uso de máscara, de se lavar as mãos, de uso de álcool gel e do necessário distanciamento social.
É um desgoverno fadado a ir para o lixo da história. Mas precisamos dar a resposta à altura do grave momento vivido pelo país. Precisamos seguir o exemplo do povo chileno e votar em pessoas comprometidas com os interesses nacionais e da classe trabalhadora. Mas é fundamental tirar Bolsonaro da Presidência para que o genocídio do povo brasileiro cesse o quanto antes. Não dá mais. Basta desse desgoverno.
O Brasil precisa de uma política de segurança pública que vise a paz, o respeito à vida e aos direitos humanos. O Brasil precisa de escola pública inclusiva, democrática e com qualidade social. O Brasil precisa valorizar e aperfeiçoar o SUS, o maior sistema universal de saúde pública do mundo. O Brasil precisa valorizar a cultura brasileira, os povos indígenas e combater o racismo e o machismo.
O Brasil precisa de uma indústria forte, de uma política agrícola que favoreça a agricultura familiar e a reforma agrária para aumentar e melhorar a produção de alimentos. O Brasil precisa recuperar a sua política externa para voltar a ser respeitado no mundo. O Brasil precisa de um governo à altura do país.
Nenhum país pode se desenvolver sem educação pública de qualidade e com compromisso social, sem ciência, sem universidades públicas, sem valorização da cultura, dos esportes. Enfim sem uma política nacional de desenvolvimento inclusiva, em defesa da soberania nacional, com valorização do trabalho, do pleno emprego e da vida de todas e todos, em paz e em segurança, sem violência, sem preconceitos.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).