Pervesidade racista nos EUA tem profundas raízes históricas e está bem refletida no sistema repressivo a serviço das elites brancas do país, que mais parece uma máquina de assassinar negros. A chefe da polícia de Brooklin Center divulgou imagens da abordagem e afirmou que a policial que atirou confundiu sua arma de fogo com um taser (aparelho de choque não letal), mas a família da vítima não põe fé na versão da repressão
Quarenta pessoas foram detidas no segundo dia de protestos em Brooklyn Center, nos Estados Unidos, após uma policial matar um homem negro durante uma abordagem.
A morte de Daunte Wright, de 20 anos, ocorreu a cerca de 15 km de onde George Floyd foi morto, em maio do ano passado, também durante uma ação policial (veja mais abaixo).
As manifestações continuaram mesmo após o chefe da polícia local divulgar imagens da abordagem e afirmar que a policial que atirou confundiu sua arma de fogo com o taser (arma de choque não letal).
“A policial sacou sua pistola no lugar do taser”, disse Tim Gannon, comandante da polícia de Brooklyn Center. “Foi um tiro acidental que resultou na trágica morte”.
Gannon exibiu à imprensa imagens das câmeras acopladas à farda dos agentes. Elas mostram os policiais prendendo Wright do lado de fora do carro, mas o jovem se desvencilha e entra no veículo.
A policial então grita “taser, taser, taser”, mas dispara com a arma de fogo e grita ao perceber que usou a arma errada: “Meu Deus, eu atirei nele” (veja no vídeo abaixo).
Os outros policiais ficam sem reação, e Wright foge com o carro e dirige por cerca de 2 km antes de não resistir aos ferimentos e bater em outro veículo.
Os policiais haviam parado Daunte devido a uma infração de trânsito e descobriram que ele tinha um mandado de prisão em aberto.
Kimberly Potter, a policial que atirou, está há 26 anos na polícia e foi suspensa. “Não há nada que eu possa dizer para aliviar a dor da família Wright”, afirmou o chefe da polícia.
A família não concorda com a versão de que o tiro foi acidental, e manifestantes voltaram às ruas para protestar. Eles desrespeitaram o toque de recolher e de novo entraram em confronto com a polícia.
Eles gritaram frases contra o racismo diante de delegacia de Brooklyn Center, no subúrbio de Mineápolis, e exibiram cartazes com frases como “Prendam todos os policiais assassinos racistas”, “Eu sou o próximo” e “Sem justiça não há paz”.
Os times de basquete, futebol americano e beisebol de Minnesota (Timberwolves, Wild e Twins) se recusaram a jogar as partidas que estavam agendadas para segunda-feira no estado em forma de protesto.
O presidente dos EUA, Joe Biden, chamou a morte de “trágica”, mas disse ser contra manifestações violentas e que “não há absolutamente nenhuma justificativa para saques”.
George Floyd
A morte ocorreu durante o julgamento de Derek Chauvin, ex-policial de Mineápolis que assassinou George Floyd, pisoteando-lhe a garganta e impedindo-o de respirar.
Em uma abordagem policial, Chauvin ajoelhou-se sobre o pescoço de Floyd, que já estava algemado, asfixiando-o até a morte. Ele havia sido detido por suspeita de usar uma nota de 20 dólares falsa em um mercado.
A morte de Floyd despertou uma onda de protestos em todo o mundo por igualdade racial e contra a violência policial, impulsionando o movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam) e a discussão sobre racismo.
George Floyd repetiu “eu não consigo respirar” por 27 vezes enquanto Chauvin o sufocava, durante 9 minutos e 29 segundos. O ex-policial de Minneapolis se declarou inocente e pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado pela acusação mais grave.
A defesa de Chauvin pediu ao juiz que conduz o julgamento que o júri fosse isolado, alegando que eles poderiam ser influenciados pela morte de Daunte Wright. Mas o pedido foi negado.
“O que precisa acontecer para que a polícia pare de matar pessoas de cor?”, perguntou em um comunicado Ben Crup, advogado da família Floyd que também representará os parentes de Wright.
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