Por Anderson Pereira
O técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Fausto Augusto Júnior, afirmou, nessa quinta-feira (18), que o movimento sindical precisa se reorganizar para enfrentar a atual conjuntura.
“Estamos sofrendo o maior ataque da nossa história desde a ditadura militar. Naquela época, o regime procurou cooptar o movimento sindical. Hoje, o objetivo é destruir a organização dos trabalhadores”, disse Augusto Júnior durante um encontro virtual transmitido pela secretaria de Formação da CTB-MG que debateu “Os desafios do movimento sindical atual”.
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Segundo Júnior, a reforma trabalhista, a nova revolução tecnológica em curso, o fenômeno da uberização e a visão individualista da sociedade se colocam como os grandes dilemas para o movimento sindical.
Diante desse contexto, o técnico do DIEESE afirmou que é preciso reafirmar e manter o conceito de classe junto aos trabalhadores.
“Hoje estamos lutando para manter salários, jornada de trabalho, saúde e segurança. São direitos básicos que reivindicávamos no começo do século XX. O trabalhador não vai conseguir melhorar sozinho. Não existe luta emancipatória sem o coletivo”, disse Macedo.
Durante a transmissão, o professor do DIEESE, que é Doutorando e Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da USP, apresentou, ainda, vários gráficos sobre a realidade do movimento sindical.
Segundo ele, apesar da conjuntura atual, “estamos resistindo”.
O especialista lembrou da importância que as Centrais sindicais e instituições como o DIEESE têm nesse contexto. Por isso, disse ele, é preciso unidade.
Sobre a pandemia, Júnior considera que este é o atual desafio dos trabalhadores.
“Vamos ultrapassar, em breve, a marca de 300 mil mortes no Brasil pela Covid-19. Para efeito de comparação, é o mesmo que seis Estádios do Mineirão lotados de corpos. E no meio disso tudo, temos um governo que aposta no caos para empurrar a sua pauta liberal”, disse ele.
Direitos ameaçados
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 186, que prevê o congelamento de salários dos servidores públicos até 2036, e as mudanças no seguro-desemprego, também foram criticadas pelo técnico do DIEESE.
Ao mesmo tempo em que ataca os direitos dos trabalhadores, o governo Bolsonaro promove o desmonte do Estado brasileiro. Um das faces dessa política, disse o professor, é a venda da Petrobras “em fatias”, a saída da Ford do Brasil e o fechamento de outros setores industriais.
“A Petrobras está com 30% da sua capacidade ociosa nas refinarias e estamos importando gasolina dos EUA. Além disso, o governo está diminuindo a taxa de importação e fechando fábricas. O país está voltando para um sistema feudal, ou seja, de mão de obra escrava. O estrago é enorme ao longo desses dois anos. O nosso principal desafio é resistir”, disse Macedo.
Participaram do encontro virtual a presidente da CTB-MG, Valéria Morato; o secretário-geral da Central, Gelson Alves da Silva; o secretário de Formação da CTB-MG, Jota Lacerda e dirigentes sindicais de Belo Horizonte e do interior do estado.