A Volkswagen publicou domingo (14) anúncio nos principais jornais do País, reconhecendo a participação em “violações de direitos humanos” durante a ditadura militar (1964-1985).
A empresa diz lamentar profundamente o ocorrido e se desculpa por eventuais episódios que atingiram seus empregados e familiares. Ainda na Nota, a Volks menciona o acordo assinado em setembro de 2020, que prevê cerca de R$ 36 milhões em indenizações.
O acordo é um Termo de Ajustamento de Conduta, entre trabalhadores, montadora e os Ministérios Público Federal, do Estado de SP e do Trabalho. Os operários são representados pela Associação dos Trabalhadores da Volks – Associação Henrich Plagge.
O Termo/TAC garante cerca de R$ 10,5 milhões a “projetos de promoção da memória e da verdade em relação às violações de direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar”, enquanto R$ 16,8 milhões irão pra mais de 60 ex-funcionários perseguidos pela empresa durante o período.
Em entrevista à Agência Sindical, Tarcísio Tadeu, presidente da Associação, explica que a iniciativa da montadora cumpre parte do Termo. “Quando negociamos com os Ministérios e Volks, exigimos que a empresa viesse a público se manifestar e deveria reconhecer a necessidade da luta permanente pelos direitos humanos. Na verdade, gostaríamos que ela confessasse que participou, mas fomos até onde possível”, relata.
Segundo Tarcísio, o caso abre precedente pra novas iniciativas de responsabilização de empresas que cometeram violações de direitos humanos na ditadura. A Associação divulgou Nota nesta segunda. “Neste especial momento, as reparações coletivas e individuais assumidas pela Volkswagen abrem caminho pra se fazer justiça aos que enfrentaram e mantiveram cabeça erguida, por décadas, sua luta, sem se dobrar ao desânimo, mas sempre acreditando em reescrever essa história, tantos anos depois”, afirma o documento.
“Que neste momento de tragédia política no Brasil a Nota pública da montadora, que é parte dos entendimentos realizados perante os MPs, acenda uma luz pra se encontrar caminho em que o Estado Democrático de Direito jamais seja ameaçado e violado”, conclui Tarcísio.
Fonte: Agência Sindical