Por Altamiro Borges
Jair Bolsonaro que se cuide com seus velhos amiguinhos do “baixo clero” e do Centrão. Toda a mídia já especula que a anulação das injustas condenações do ex-presidente Lula, com a recuperação dos seus direitos políticos e sua elegibilidade para 2022, pode implodir a base de apoio do “capetão” no meio desses “profissas” da política nacional.
Como estampou no título o jornal O Globo de sexta-feira (12), “volta de Lula abala apoio a presidente no ‘baixo clero'”. A matéria desmonta a bravata de que o neofascista gostaria da polarização com o líder petista. “Deputados ouvidos pelo GLOBO temem que ficar contra Lula seja um suicídio eleitoral no ano que vem”.
O maior temor, segundo a reportagem, afetaria as velhas raposas do Nordeste. “Mesmo se o petista não conseguir se eleger presidente, os deputados preveem que seu apoio será definidor nas eleições para o Congresso Nacional, como um relevante cabo eleitoral”.
Diminui a chance da terceira via
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA), por exemplo, relatou ao jornal que teve acesso a pesquisas recentes em que Lula ultrapassa 70% de preferência do eleitorado no Maranhão. “Para ele, a partir de julho de 2022, Bolsonaro terá muito menos apelo eleitoral para os deputados do que Lula, que deve articular alianças com prefeitos e candidatos nos estados. ‘Sendo candidato, ele consegue neutralizar alguns deputados no Maranhão. Inclusive aliados do Bolsonaro’, afirma”.
Outro depoimento emblemático é do deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB). Ele afirma que, na Paraíba, a decisão que tornou Lula elegível diminui muito a chance de terceira via. “Eu conversei com alguns prefeitos do sertão, e nesses municípios não têm nem graça. Lula vai tomar conta de tudo. Ele é muito forte, e sobretudo com esse cenário do fim do auxílio, Lula traz muita força. E me deixou até atordoado, porque pra quem quer construir uma terceira via, praticamente não tem mais espaço”.
Chefão do PP: Lula está em forma!
O jornal cita ainda o camaleônico senador Ciro Nogueira (PI), chefão do PP, que disse ter ficado “surpreendido” com o discurso de Lula. Para ele, o expoente das esquerdas “está em forma”. O cacique do Centrão teme abalos nas alianças no próximo ano. O Globo aponta quais seriam os possíveis novos lances no tabuleiro político:
“A expectativa dos deputados das bancadas do Nordeste é que o Centrão siga na base do governo, demonstrando fidelidade em votações. À medida que a eleição se aproximar, porém, colar a imagem à de Bolsonaro pode se tornar cada vez menos desejável para quem quer se reeleger”.
“As composições políticas com o PT voltam a ganhar força, dizem os parlamentares, e o próprio partido pode crescer. A volta de Lula ao páreo eleitoral deve aumentar a pressão para que Bolsonaro crie um programa para substituir o Bolsa Família, medida que pode aumentar sua popularidade”.
Folha também prevê baque na base de Bolsonaro
No mesmo rumo, a Folha de sábado (13) afirma que “volta de Lula ameaça união do Centrão em torno de Bolsonaro para 2022”. Segundo a reportagem, “líderes de partidos que apoiam o governo apostam que grupo se desintegrará na eleição e preveem acenos ao petista”. O jornal dá mais detalhes da possível orquestração que coloca “em risco o plano do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de contar com o apoio integral de sua nova base aliada ao projeto de reeleição”.
“Conhecido pelo pragmatismo e pelo senso de oportunidade, o Centrão – bloco formado por PP, PL, Republicanos, Solidariedade, PTB, PSD, PROS, PSC, Avante e Patriota – começou a fazer nesta semana projeções sobre o cenário eleitoral após a decisão do ministro Edson Fachin… A aposta de dirigentes das legendas é de que dificilmente o bloco partidário se manterá unido no próximo ano em torno do presidente”.
“A avaliação é de que, embora Bolsonaro largue na frente por ter o controle da máquina federal, Lula é um nome competitivo que ameaça o favoritismo do chefe do Executivo. Segundo caciques do Centrão, diante da possibilidade de uma disputa polarizada, a tendência é que as siglas sigam na base aliada neste ano, mas façam acenos políticos tanto para Bolsonaro como para Lula. Os desembarques só devem ocorrer no ano que vem”.
Os partidos que podem abandonar o “capetão”
Segundo os cálculos da Folha, cinco legendas do Centrão tendem a apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro: PTB, PP, PSC, Patriota e Republicanos. “Já os partidos com mais probabilidade de apoiar um adversário do presidente e deixar a base aliada são PROS, Avante e Solidariedade”. Nas eleições de 2018, nenhum deles apoiou Jair Bolsonaro. Os dois primeiros se aliaram a candidatos de esquerda: Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), respectivamente”.
Já o PL e o PSD ainda são considerados como incógnitas. “O apoio deles, segundo integrantes das legendas, vai depender dos acordos para as disputas estaduais e do desempenho dos presidenciáveis nas pesquisas de intenção de voto. Em caráter reservado, porém, membros das legendas não descartam romper com Bolsonaro”.