Por Altamiro Borges
O jornal Estadão deve ter espalhado o pânico em Brasília nessa terça-feira (23): “O deputado Felício Laterça (PSL-RJ) disse que seu colega Daniel Silveira (PSL-RJ) – que está preso – gravou, clandestinamente, conversas com autoridades, como o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ)”, afirma uma venenosa matéria.
Pode até ser bravata, puro terrorismo no campo minado que virou o PSL, mas a notícia gerou temores. Afinal, o ex-policial do Rio de Janeiro – inúmeras vezes preso e processado pela corporação militar – é famoso por gravar conversas e fazer chantagens. Ele sempre foi um mau caráter, segundo ex-colegas de farda e de bancada parlamentar.
Em outubro de 2019, o miliciano gravou e divulgou áudios de uma reunião com várias baixarias e brigas da bancada do PSL. Na ocasião, o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), então líder da legenda na Câmara Federal, ameaçou “implodir” Jair Bolsonaro e chamou o presidente da República de “vagabundo”. Daniel Silveira disse ter vazado a conversa para “blindar” o governo do capitão.
“Ganhar dinheiro na boa”
A matéria do Estadão aponta que ele seguiu com os mesmos métodos. “Ele era um gravador ambulante”, afirmou Felício Laterça ao jornal. “Segundo o parlamentar, Silveira também o procurou para ‘ganhar dinheiro na boa’, em atos de corrupção”. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o deputado confirmou que o atual presidiário tinha o costume de gravar pessoas:
“Ele me revelou que tinha feito algumas gravações, ele tinha esse mau hábito. Ele acabou gravando conversa de parlamentares dentro do ambiente da Câmara. Ele disse que havia gravado o presidente da República”, relatou Felício Laterça, que também é delegado licenciado da Polícia Federal.
Será que as gravações são reais ou apenas outro blefe do valentão de mentirinha? O que elas contêm? Por que Jair Bolsonaro, que adora fazer ameaças – inclusive aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) –, até agora não se pronunciou sobre a prisão do seu amigo Daniel Silveira?