Por Jota – Secretário de Formação da CTB-MG
As reclamações dos passageiros que utilizam o transporte coletivo em Belo Horizonte saltaram de 8.635, em 2019, para 9.446 em 2020. O aumento, de 9%, foi divulgado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). Ônibus lotados, tarifa alta e atrasos estão entre as principais reclamações.
Muitos políticos, quando querem se eleger, prometem resolver esse problema. Quem não se lembra do discurso do atual prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), dizendo que iria “abrir a caixa preta da BHTRANS”?
A única coisa que o prefeito abriu foi o cofre da Prefeitura para os empresários do setor. Alegando perdas durante a pandemia, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra) fechou um acordo com o município que pode ultrapassar R$ 50 milhões.
Segundo a Prefeitura, o dinheiro é para a compra de vales-transporte para os servidores públicos pelos próximos quatro meses. Essa justificativa não convenceu o Ministério Público de Contas que está investigando esse adiantamento.
O órgão alega que as informações apresentadas pela BHTRANS, de que as empresas acumulam prejuízos durante a pandemia, são inconsistentes. “O número de viagens também foi reduzido nesse período”, lembra o procurador Glaydson Massaria. Em outras palavras, falta transparência.
Vale lembrar que essas empresas são as mesmas que demitiram milhares de cobradores nos últimos anos. Atualmente, os motoristas, além de dirigir, precisam cobrar a passagem que é uma das mais caras do Brasil.
A BHTRANS, empresa que deveria fiscalizar as empresas com todo o rigor, não consegue dar uma resposta satisfatória à população. Em recente entrevista à Rádio Super FM (91.7 FM), o presidente da autarquia, Diogo Prosdocimi, admitiu que não há, até o momento, previsão de nenhum concurso público para novos agentes.
Para piorar, a capital mineira ainda sofre com um metrô limitado, que poderia ser uma alternativa para milhares de pessoas. Enquanto isso, os trabalhadores e os estudantes são obrigados a enfrentar ônibus e trens lotados todos os dias. O mesmo acontece com os trabalhadores do transporte, cada vez mais explorados.
A vida deve estar em primeiro lugar.
É preciso que os(as) trabalhadores(as) e os estudantes, juntamente com as suas entidades, unam-se por um transporte coletivo de qualidade e para todos. Somente assim, com unidade e consciência de classe, poderemos superar essa e outras injustiças.
Juntos, somos mais fortes!
Fotos: Anderson Pereira