Agricultoras Familiares (CONTAG) expressa a sua revolta quanto à impunidade e a mais uma morte envolvendo os sobreviventes da Chacina de Pau D’Arco, no Pará. Em 26 de janeiro desse ano foi assassinado o trabalhador rural Fernando Araújo dos Santos, uma das testemunhas e sobreviventes da chacina. E, até agora, as investigações não avançaram. Em maio de 2017, foram assassinados dez trabalhadores sem-terra que ocupavam a fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco/PA. Dezesseis policiais civis e militares são suspeitos dos crimes e aguardam o julgamento em liberdade e na ativa. Nas investigações, que andam a passos lentos, Fernando era a testemunha que guardava na memória a maior riqueza de detalhes sobre o caso. No final de 2020, Fernando e outros sobreviventes começaram a receber ameaças de morte. Ele foi morto quando se preparava para sair da fazenda Santa Lúcia, acampamento onde a chacina aconteceu e que continuava a morar junto a outras famílias sem-terra. Fernando iria embora para proteger a sua vida. Mas, infelizmente, não deu tempo. Foi morto com um tiro na nuca.Horas antes de ser morto, Fernando tentou contato com o seu advogado, José Vargas Junior, que foi preso no início de janeiro desse ano com a acusação de envolvimento em um homicídio. Mais de 20 entidades de direitos humanos assinaram carta de apoio a Vargas e que questiona a sua prisão devido à fragilidade de evidências contra o advogado. Na verdade, Vargas era conhecido na cidade por suas críticas sobre a relação promíscua entre o poder econômico local e o Judiciário, e suspeita-se que a prisão veio no sentido de dificultar a sua defesa no caso da chacina, do pedido de indenização contra o estado (até hoje nenhum sobrevivente ou parente das vítimas recebeu qualquer apoio do estado), e também no impedimento à reintegração de posse da fazenda. Afinal, desde que a chacina ocorreu, há uma ordem de despejo para retirar os(as) trabalhadores(as) sem-terra do local.Vargas conseguiu prisão domiciliar na véspera do assassinato de Fernando e garante: “eu não tenho dúvidas da relação entre a minha prisão e o massacre de Pau D’Arco e que a morte do Fernando foi queima de arquivo”. A CONTAG teme pela vida das demais testemunhas e sobreviventes da Chacina de Pau D’Arco e denuncia mais um caso de violência e impunidade no campo. A Confederação exige que os órgãos competentes deem prosseguimento às investigações da chacina e que apurem mais esse assassinato em busca do executor e também do mandante do crime. Leia AQUI reportagem na íntegra da Repórter Brasil que traz detalhes sobre o caso. |
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