Por Anderson Pereira
Uma rica troca de experiências entre movimento social, sindical e cultural. Assim foi a reunião virtual realizada quinta-feira (04) pela Secretaria de Formação da CTB-MG. O encontro reuniu o presidente da Associação dos Moradores da Vila Pinho, em Belo Horizonte, Exupério Dias da Silva; o rapper e grafiteiro Maizena, da cidade de Contagem, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, Alex Custódio.
Durante duas horas, os participantes compartilharam com sindicalistas de todo o Estado as suas experiências de vida e visões de mundo sobre vários temas como política, economia, trabalho e saúde. O encontro foi mediado pelo Secretário-Geral da CTB-MG, Gelson Alves da Silva e contou também com a participação do Secretário de Formação da Central, Jota.
Na sociedade em geral, a percepção é de que a situação do país piorou nos últimos anos. A volta da inflação, a retirada de direitos trabalhistas, o aumento do desemprego e a falta de perspectiva são os principais problemas citados.
O presidente da Associação dos Moradores da Vila Pinho, Exupério Dias da Silva, foi o primeiro a falar. Segundo ele, a fome já é uma realidade na vida de vários moradores. Localizada na periferia da capital, a Vila Pinho sofre também com a falta de infraestrutura e enchentes constantes.
Outro problema enfrentando pelos moradores é o transporte público que, apesar da pandemia, circula sempre lotado. O acesso à saúde também é ruim. No posto de saúde do bairro, faltam médicos e o espaço da unidade não comporta o número de pessoas que buscam atendimento.
Já em Contagem, cidade da Região Metropolitana da capital, o grafiteiro Maizena criticou a falta de políticas voltadas para a área cultural. “A pandemia não mudou muito a minha vida. Eu vivo na crise há muito tempo, sempre no “corre”. Faltam espaços culturais e apoio institucional”, lamentou ele.
Golpe
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, Alex Custódio, lembrou que os ataques aos trabalhadores se intensificaram desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff.
“Michel Temer congelou os investimentos públicos por 20 anos ao aprovar o chamado “Teto dos Gastos”. A Reforma Trabalhista, que prometeu gerar empregos, só aumentou o número de desempregados. E a Reforma da Previdência, aprovada por Bolsonaro, tornou o sonho da aposentadoria mais distante para o trabalhador”, disse ele.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, falta um projeto de desenvolvimento para o país. Ele citou o caso do fechamento da fábrica da Ford, na Bahia. A indústria brasileira era responsável por 30% do PIB brasileiro há algumas décadas. Hoje, responde por menos de 10%. “Somente com uma frente ampla conseguiremos derrotar esse projeto neoliberal capitaneado por Bolsonaro e Paulo Guedes”, disse ele.
Pé de abacate
Apesar dessa realidade, Bolsonaro ainda conta com o apoio de algumas camadas da população brasileira. Na periferia, não é diferente. Como um político medíocre chegou à presidência da República?
O rapper Maizena conseguiu ilustrar bem essa situação ao falar sobre o resultado da última eleição presidencial.
“Um pé de abacate não nasce da noite para o dia”, disse ele.