Por Marcos Aurélio Ruy
Nesta edição foram selecionadas quatro canções profundamente marcantes da música popular brasileira e uma atenção ao talento da cantora e compositora inglesa Dua Lipa. Desta vez são três mulheres empoderadas, começando por Maysa (1936-1977), passando pela paulistana, radicada em Natal (RN), Joana Knobbe, um dos novos talentos da MPB e Dua Lipa, sucesso internacional.
Entre os homens, destaque para Criolo, Paulinho da Viola e Eduardo Gudin. Grandes nomes da cultura brasileira com temáticas profundamente sociais. Na resistência a todo tipo de opressão a quem vive do trabalho.
Maysa
A voz de Maysa ainda ecoa entre os fãs da música popular brasileira pela força interpretativa de uma das maiores cantoras do país de todos os tempos. O talento da carioca foi fundamental para a valorização do samba canção e da bossa nova.
Ela sofreu em seu casamento com André Matarazzo, que tentou impedi-la de fazer o que mais gostava: cantar. Maysa morreu tragicamente em um acidente automobilístico, aos 40 anos. Seu talento faz parte do rico acervo da MPB e vale muito a pena ouvi-la cantar.
“Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar”
Meu Mundo Caiu (1958), de Maysa
Dua Lipa
A inglesa Dua Lipa é um dos maiores destaques do mundo pop da atualidade. Suas canções versam sobre a igualdade, o humanismo e a necessidade de uma vida decente para todas as pessoas. Grande talento.
“Eu sei que está fervendo
Eu sei que temos
Algo que o dinheiro não pode comprar
Lutando para continuar
Mordendo seu lábio
Se amando tarde da noite”
Blow Your Mind (Te Impressionar), (2016), de Dua Lipa, Jon Levine e Lauren Christy
Criolo
O paulistano Criolo renova seu talento a cada novo trabalho. No ano passado lançou um clipe poderoso com a canção “Sistema Obtuso”, em parceria com o duo Tropkillaz, denunciando a destruição promovida pelo desgoverno Bolsonaro no país.
“Tava bem louco de breja
Tava bem louco de coca
Tava bem louco de lança
Não aceitei a proposta
Tava bem louco de tudo
Sentе a revolta no mundo
Na indústria da fama, cheirou sua casa
Seu flow virou lеnda, sistema obtuso”
Sistema Obtuso (2020), de Criolo e Tropkillaz
Joana Knobbe
Nascida em São Paulo, mas criada em Natal, no Rio Grande do Norte, Joana Knobbe traz uma fusão de sons, chamada em uma matéria jornalística de “psyco-mangue- rock”. Joana foi estudar música e acrescentou a essa fusão a bossa nova e o jazz. Prestar muita atenção a essa artista.
“Que o amor que fura farpado
Mata o amor de infarto que não é brincadeira
Cerca cercando, gaiolando, prendendo, os braços abafando
O amor se encolhendo
Quase se convencendo
De que é assim sempre
O amor abafa a gente
Que nem polícia faz”
Amor Coragem (2019), de Joana Knobbe
Paulinho da Viola e Eduardo Gudin
Desnecessário comentar sobre os talentos do carioca Paulinho da Viola e do paulistano Eduardo Gudin. Juntos somam quase 150 anos de dedicação ao samba e à MPB. Nesta parceria, de 2006, gravada somente agora, eles lembram que sempre se pode sonhar, mesmo no maior breu que estejamos vivendo.
“Talvez quando a verdade aparecer
A dor faça você me procurar
Porém a luz maior de um bem querer
Quando se apaga é pra valer
E não acende nunca mais”
Sempre Se Pode Sonhar (2006), de Eduardo Gudin e Paulinho da Viola