O Projeto de Divulgação do Crime Organizado e Corrupção (OCCRP, na sigla em inglês), um consórcio internacional de mídia, elegeu o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, como Pessoa do Ano na promoção da corrupção e do crime organizado. Bolsonaro deixou para trás personalidades como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Turquia, Recep Erdogan.
O site do projeto ressalta que Jair Bolsonaro, eleito na esteira da operação Lava Jato como um candidato anticorrupção, fez uso de propaganda para promover sua agenda populista, minou o sistema judiciário e empreendeu “uma guerra destrutiva” contra a região da Amazônia que “enriqueceu alguns dos piores proprietários de terras no país”.
Segundo o consórcio, tanto Trump quanto Erdogan também se beneficiaram de propaganda, minaram as instituições democráticas, politizaram o sistema judiciário, se esquivaram de acordos multilaterais, recompensaram aliados corruptos e afastaram seus países do estado democrático de direito em direção a autocracias. Além de Trump, Erdogan e Bolsonaro, o oligarca ucraniano Ihor Kolomoisky completa a lista de finalistas na disputa pelo prêmio de caráter duvidoso.
Segundo Louise Shelley, diretora do Centro Transnacional de Crime e Corrupção (TraCCC) da Universidade George Mason e integrante do comitê da premiação, esse tipo de ação populista foi o foco do projeto este ano. “Todos eles são populistas que causam grandes danos aos seus países, regiões e ao mundo. Infelizmente são apoiados por muitos, o que consiste na marca do populismo”.
A escolha de Bolsonaro também levou em conta o escândalo da coleta de salários de funcionários fantasmas, prática conhecida como “rachadinha”, que teria acontecido no gabinete de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro.
No entanto, o fator determinante para que ele fosse o vencedor foi a hipocrisia, uma vez que ele foi eleito sob a promessa de combater a corrupção “mas não apenas se cercou de pessoas corruptas como acusou indevidamente outros de corrupção”, destaca o consórcio.
“Aparentemente, a família de Bolsonaro e o círculo íntimo dele estão envolvidos em uma conspiração criminosa em curso, mas têm regularmente acusado outros de roubar da população. É a definição clássica de uma quadrilha de crime organizado”, afirmou Drew Sullivan, outro juiz do comitê e editor do OCCRP.
Fonte: Portal Vermelho