Por Railídia Carvalho
A tentativa de privatização da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) pelo governo do Estado do Rio de Janeiro foi denunciado nesta quarta-feira em ato em frente à empresa que foi organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro e Região (Sintsama – RJ). Nesta quarta-feira (16) ocorreu também a assembleia de acionistas que foi acompanhada pelo presidente do Sintsama, Humberto Lemos, e parlamentares, que tentam evitar a privatização da companhia.
“Estamos denunciando esse processo de forma civil e criminal. Quem assinar esse crime, vai responder pelo seu cpf. O metro cúbico está abaixo do valor de produção, começando com R$ 1,70, e depois de 4 anos baixar para R$ 1,63. Um verdadeiro escândalo”, denunciou o Sintsama pelas redes sociais.
Humberto informou que o Sintsama elaborou um estudo com especialistas que calculou o valor do metro cúbico da água em R$ 2,30. “O governador em exercício fez um arranjo depois que conversou com o Paulo Guedes. O metro cúbico da água não está sendo calculado como deve ser feito”, reiterou o dirigente.
O Sintsama também denunciou a intenção da Cedae de demitir 4 mil trabalhadores dos 5 mil que atuam na empresa. “Essa medida não pode e não vai acontecer. Primeiro porque temos um acordo coletivo que vai até o início de 2023 que nos dá estabilidade no emprego. Segundo porque somos funcionários concursados do Estado. Se levar adiante esse plano de demissões isso vai dar muita discussão no campo jurídico”, afirmou Humberto Lemos.
“Paulo Guedes é o mentor da privatização da Cedae”, declarou Humberto. De acordo com ele, o ministro da economia quer que no contexto da aprovação do marco regulatório do saneamento a Cedae seja a primeira empresa privatizada. “Ele não consegue privatizar as federais e está forçando a barra com a Cedae”, disse.
O sindicalista negou que a regularização fiscal do estado dependa da privatização da companhia. Segundo ele, o governo do estado tem outros meios de pagar o empréstimo sem contar com as ações da Cedae. As ações da Cedae entraram como garantia ao empréstimo feito pelo governo do RJ para pagamento do funcionalismo. O valor emprestado ao banco BNT Paribas está em 4 bilhões e 500 milhões de reais.
“A Cedae é uma empresa lucrativa. Ano passado deu lucro líquido de 1 bilhão e 100 milhões de reais. Leva saúde, leva qualidade de vida. É o que resta no Estado. Não tem mais nada para privatizar. Tem muita luta pela frente. O Sintsama e entidades como a CTB Rio e outros sindicatos estão unidos e na Alerj a maioria dos parlamentares é contra a privatização”, concluiu Humberto.