O Sindicato dos Metalúrgicos e Metalúrgicas de Betim e Região negociou campanhas de PLR em quase 30 empresas e garantiu o benefício a 18 mil trabalhadores
Rafaela Mansur*
O pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) resultou na injeção de mais de R$ 67 milhões na economia de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, e cidades vizinhas, no segundo semestre deste ano, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos e Metalúrgicas de Betim e Região. A entidade conseguiu a aprovação de campanhas de PLR em cerca de 30 empresas e garantiu o benefício para aproximadamente 18 mil trabalhadores.
O valor total pago na PLR pode chegar a R$ 78 milhões, com a quitação da segunda parcela da gratificação, o que deve ocorrer entre janeiro e abril de 2021.
“O sindicato negocia PLR desde 1995 e já tem um histórico muito grande nisso, porém este é um ano totalmente atípico, com crise política, econômica e pandêmica. Apesar disso, de todas as campanhas que a gente negociou, nenhuma teve valor inferior a de 2019. Nós conseguimos dialogar com as empresas e fazer acordos com quase 30”, afirma o presidente do sindicato, Alex Custodio. A entidade representa os metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas.
Segundo Custodio, no início das negociações, houve resistência por parte das empresas, que alegaram a crise como um obstáculo para o pagamento da PLR. Mas, na medida em que acordos com companhias maiores foram fechados, as menores acabaram cedendo.
“Frisamos muito a necessidade de termos uma PLR justa. Neste ano, o governo federal editou a Medida Provisória (MP) 936, que ajudou muito as empresas a manter os postos de trabalho e equacionar as contas mensais, principalmente com folha de pagamento. E os trabalhadores, querendo ou não, tiveram perdas significativas no salário”, avalia. A MP 936 possibilitou a suspensão do contrato de trabalho e a redução da jornada e do salário dos funcionários por causa da pandemia.
De acordo com o presidente do sindicato, o pagamento da PLR, geralmente, está associado ao cumprimento de três metas: produção, qualidade e absenteísmo. “A gente dialoga com o intuito de termos metas atingíveis, que levem em consideração o perfil da empresa, o produto que ela faz e a questão do mercado. Se as metas forem alcançadas, tanto as coletivas, que são produção e qualidade, quanto a individual, que é o absenteísmo, a PLR é paga integralmente a todos os trabalhadores”, explica Custodio.
Na maioria das empresas, o valor do benefício é o mesmo para todos os colaboradores, independentemente de salário. “Tem empresas consideradas pequenas, mas com produto de valor agregado muito bom, então conseguimos PLR alta. Tem empresas com muitos funcionários, mas com produto sem valor significativo, em que a gente não consegue avançar muito na negociação”, pontua.
Na avaliação de Custodio, para 2021, o diálogo e o equilíbrio entre empresários e empregados serão ainda mais importantes para lidar com a crise e os impactos da pandemia sobre a economia. “Vai haver prejuízo para os dois lados, e a necessidade de diálogo fica ainda maior. Alavancar a indústria é bom para empresas e trabalhadores”, conclui.
*Jornal O Tempo (MG)