Por Aloísio Morais
De olho gordo no sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS) – e na expansão dos planos de saúde -, que o governo Bolsonaro se empenha em concretizar, o grupo Notre Dame Intermédica acaba de adquirir seu 12º hospital neste ano no Brasil. Sua nova unidade é o Hospital Lifecenter, na Zona Sul de Belo Horizonte, comprado por R$ 240 milhões à vista e em dinheiro.
Em 2014, a norte-americana Bain Capital, uma das grandes empresas de investimentos, assumiu o controle corporativo da Notre Dame Intermédica. Com a transação concretizada nesta semana, a empresa de saúde, originária de São Paulo, passa a deter, indiretamente, 100% das ações do Lifecenter. O preço de aquisição equivale a cerca de R$ 1,2 milhão por leito.
Com estrutura de alta complexidade, o hospital opera com 205 leitos, sendo 40 de UTI, 13 salas cirúrgicas e 12 consultórios de pronto socorro, além de ressonância magnética, tomografia, ultrassonografia, endoscopia, radiografia e laboratório de análises clínicas.
Em 2019, o Lifecenter apresentou faturamento líquido de R$ 153,9 milhões. O plano de integração prevê combinações operacionais e administrativas com outras unidades em Minas Gerais. O estado virou o principal campo de disputa entre Notre Dame Intermédica e a Hapvida (HAPV3), sua principal concorrente no segmento de operadores de saúde verticalizados.
Com o terceiro maior PIB do país, o Estado de Minas é dominado pela Unimed BH, que detém 52% do mercado local. Em setembro a Intermédica comprou o Grupo Serpram, do Sul de Minas, por R$ 170 milhões. O grupo tem operações em Alfenas, Varginha, Extrema e Pouso Alegre. Em 2019, teve receita líquida de R$ 108,4 milhões. Com a transação, a Notre Dame terá 97% da Serpram e do Hospital Imesa, e 85% do Hospital Varginha.
A Serpram tem uma carteira de 47 mil beneficiários de saúde (96% corporativo/adesão), 10 mil de dental e dois hospitais comum com o total de 74 leitos (21 de UTI), um em Alfenas, outro em Varginha.
Em agosto, a Intermédica adqujiriu a Climepe, operadora de saúde verticalizada fundada há 25 anos em Poços de Caldas, no Sul de Minas, e da Medisanitas Brasil, que concentra as operações brasileiras do grupo empresarial colombiano Keralty, que atua no mercado de saúde suplementar e tem destaque em Minas.
No lucro
A Notre Dame Intermédica registrou um avanço de 97,8% no lucro líquido atribuído aos acionistas da companhia no terceiro trimestre, para R$ 197,2 milhões, ante o mesmo intervalo de 2019. A receita líquida cresceu 24%, para R$ 2,7 bilhões, no comparativo anual. Ao longo de 2020, a Notre Dame Intermédica adquiriu 12 hospitais, quem totalizam 1.097 mil beneficiários e 859 leitos.