Por Railídia Carvalho
A campanha do presidente Jair Bolsonaro pela privatização dos Correios ganhou força neste final de ano. Para se contrapor aos ataques do governo federal feitos através da grande mídia, a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras dos Correios (Findect) realiza na noite do dia 10 de dezembro um Congresso virtual, informou o diretor da entidade, Douglas Melo, ao Portal da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
“Vamos fazer uma avaliação desse último dissídio, debater sobre o tema da privatização e definir as nossas ações, entre elas criar uma agenda junto aos parlamentares para debater com eles o projeto do governo federal que anuncia que pretende privatizar os Correios”, afirmou Douglas. No mesmo dia, às 10h, os dirigentes da Findect participam de uma reunião com o deputado Zé Carlos (PT-MA) em defesa das empresas públicas e da soberania nacional.
Douglas lembrou a importância dos Correios durante a pandemia. “Nesta semana foi registrado 2 milhões de encomendas. As pessoas estão comprando pela internet. Nenhuma outra empresa brasileira tem a capilaridade que os Correios têm. É a única empresa estatal que está em todos os 5.750 municípios. As privadas não estão em todos os municípios. Se privatizar, quem vai operar no interior do Maranhão, no interior do nordeste?”, questionou o sindicalista.
Na opinião de Douglas, as matérias na imprensa querem criar um clamor na população pela privatização. Nelas o governo fala sozinho sem contraponto. “A grande mídia não dá espaço para os trabalhadores e trabalhadoras”. Douglas citou o exemplo de matéria publicada na revista Exame com informação mentirosa. “Estamos solicitando direito de resposta. Quem comprou a revista Exame foi o banco BTG, fundado pelo Paulo Guedes, ou seja, está tudo em casa”, ironizou o dirigente.
“A revista soltou reportagem falando que os Correios precisariam de recursos do governo federal para arcar com os próprios gastos. É mentira. Não tem como uma empresa que lucra um bilhão, que é o resultado deste ano, pedir dinheiro para o governo federal. Além do lucro de 1 bilhão em 2020, a empresa economizou também este ano 800 milhões quando tirou 50 cláusulas do acordo coletivo dos trabalhadores”, explicou Douglas.
As matérias na grande mídia costumam mostrar os trabalhadores e trabalhadoras dos correios como privilegiados mas a realidade é bem diferente, apontou Douglas. “Desde o início da pandemia a empresa não deu segurança ao trabalhador. Deu uma unidade de máscara e quem quisesse se proteger que tirasse do próprio bolso para comprar máscara e álcool gel. O sucateamento e desmonte da empresa é para justificar a privatização com apoio da mídia”, denunciou.