Por André Cintra
Os partidos do campo democrático-progressista tiveram votações significativas neste domingo (29) e ganharam terreno no segundo turno da eleição municipal de 2020. Além de eleger prefeitos em 12 cidades, a esquerda teve resultados muito superiores aos de 2016 em centros importantes, com destaque para São Paulo e Porto Alegre (RS).
Candidata a vice-presidenta na chapa de Fernando Haddad (PT) em 2018, Manuela D’Ávila (PCdoB) voltou a fazer história neste ano. Manu foi a primeira comunista a ir ao segundo turno de uma capital no eixo Sul-Sudeste e foi também o primeiro nome da esquerda no segundo turno de Porto Alegre desde 2008. Com 45,37%dos votos válidos, tornou-se a mulher com melhor desempenho em eleições à prefeitura porto-alegrense.
Em São Paulo, a esquerda sofreu um grande revés em 2016, quando Haddad, então prefeito e candidato à reeleição, teve apenas 16,70% dos votos válidos e perdeu já no primeiro turno para João Doria (PSDB). Agora, quatro anos depois, Guilherme Boulos (PSOL) conquistou uma vaga no segundo turno e somou 40,62% dos votos válidos. Mais de 2,1 milhões de eleitores paulistanos votaram em Boulos neste domingo.
Na opinião de Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB, este foi “o pleito que projetou grandes lideranças da esquerda”, independentemente da colocação final. “Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos saem gigantes dessa disputa”, afirmou Luciana, no Twitter.
No geral, a esquerda avançou nas cidades médias e grandes. Em 2016, PT e PSOL, por exemplo, não elegeram prefeitos nos 95 municípios com mais de 200 mil eleitores – aqueles que têm dois turnos. Neste domingo, o PSOL conquistou a prefeitura de Belém, capital do Pará, com a eleição de Edmilson Rodrigues contra o candidato bolsonarista Delegado Federal Eguchi (Patriota).
O PT segue sem prefeitos em capitais, mas teve quatro eleitos neste segundo turno. Foram duas candidaturas bem-sucedidas na região do Grande ABC Paulista (Filippi, em Diadema, e Marcelo Oliveira, em Mauá). Já em Minas Gerais, duas mulheres petistas triunfaram (Marília, em Contagem, e Margarida Salomão, em Juiz de Fora).
No PDT, a taxa de vitórias no segundo turno foi de 100%. Três dos seus quatro candidatos que concorreram neste domingo se sagraram vencedores, incluindo Sergio Vidigal, em Serra (ES). Em Fortaleza (CE), com o apoio decisivo dos irmão Cid e Ciro Gomes, José Sarto bateu o bolsonarista Capitão Wagner (Pros). Já em Aracaju (SE), Edvaldo Nogueira, eleito prefeito pelo PCdoB em 2016, reelegeu-se, desta vez, pelo PDT.
O PSB permanecerá à frente do Recife (PE), graças à contundente eleição de João Campos, filho do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, morto num acidente aéreo em 2014. Numa rara disputa entre as esquerdas – e, mais do que isso, interfamiliar –, João venceu sua prima Marília Arraes (PT) por 56,27% a 43,73% dos votos válidos. Outros dois nomes do PSB, João Henrique Caldas, em Maceió (AL), e Rubens Bomtempo, em Petrópolis (RJ), também venceram em segundo turno.
Juntos, a partir de 1º de janeiro de 2021, os partidos de esquerda vão administrar 807 municípios brasileiros. Serão 314 prefeituras a cargo do PDT, 253 do PSB, 183 do PT, 46 do PCdoB, seis da Rede Sustentabilidade e cinco do PSOL. Em número de habitantes, o PDT vai governar 10.809.958 brasileiros; o PSB, 9.149.488; o PT, 6.045.238; o PSOL, 1.546.909; o PCdoB, 1.057.269; e a Rede, 101.293.
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