Em poucos dias, o Carrefour sofreu queda na cotação de suas ações e registrou perda de R$ 2,2 bilhões no valor da empresa. A decaída foi acelerada pela repercussão mundial do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, cliente negro, numa unidade em Porto Alegre.
Ele foi espancado até a morte dia 19 por supostos seguranças.
O Ministério Público do Trabalho também mira o grupo francês. O MPT do Rio Grande do Sul vai instaurar inquérito civil pra investigar a morte de João Alberto. O caso também é criticado em Nota da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho – Coordigualdade – e pelo Grupo de Estudos Racismo e Trabalho.
No documento, o MPT também cobra a capacitação profissional, a fim de evitar abordagens de cunho racista. “Pra erradicar tragédias como a morte de João Alberto, é preciso capacitar a força de trabalho da segurança privada e todo o grupo de trabalhadores das empresas quanto à temática racial”, afirma a Nota.
A dra. Adriane Reis de Araújo, coordenadora nacional da Coordigualdade, vê cultura de discriminação, o que torna o Carrefour responsável pelo ocorrido. Ela afirma: “É preciso capacitar funcionários, terceirizados e outros. Mas pouco adianta esse tipo de providência se não houver mudança na postura racista da empresa. As duas iniciativas têm que ser combinadas e coerentes”.
Segundo a dra. Adriane, corre na Justiça do Rio de Janeiro ação civil pública contra o Carrefour, por demitir em agosto funcionária que denunciou racismo no trabalho. A Procuradora conta: “A funcionária denunciou colega que escreveu em seu avental ‘Só para brancos’. Negra, ela foi demitida”.
De acordo com a integrante do MPT, o caso João Alberto vai apertar o cerco contra a marca. O MPT cobrará cumprimento do Decreto 9.571/2018, que estabelece as diretrizes Nacionais sobre Direitos Humanos. “Queremos ações não só promocionais, mas concretas. Canais de denúncias, cotas de contratação, políticas contra discriminação racial, treinamento de funcionários. Tudo isso coordenado. Caso contrário, a mensagem não é recebida ou respeitada”.
Nota – Clique aqui e leia a íntegra da Nota da Coordigualdade.
Denúncias – Clique aqui e acesse o site do MPT.
Fonte: Agência Sindical