Mais de 250 milhões de trabalhadoras e trabalhadores, rurais e urbanos, participaram nesta quinta-feira (26) da Grande Greve de Toda a Índia. O movimento foi precedido de forte repressão governamental, mas a truculência das autoridades não quebrou o ânimo dos grevistas.
Os camponeses de Punjab sofreram um pesado ataque policial, mas resistiram orgulhosamente. Houve prisões “preventivas” de sindicalistas em Chadikar, Trivandrum e outros lugares, chantagens e ameaças dos patrões. Mas nada disto evitou a adesão massiva à luta, que se transformou num vigoroso pronunciamento nacional da classe trabalhadora.
O protesto foi organizado pelos principais sindicatos do país, em aliança com mais de 300 organizações camponesas. O objetivo é pressionar o governo da direita neoliberal a revogar normas aprovadas recentemente que subtraem direitos básicos como jornada máxima de oito horas diárias, bem como a revisão de leis que privam os trabalhadores rurais da garantia de preço mínimo e o desmantelamento do Comitê de Comercialização Agrícola.
A greve, cuja força provém da sólida unidade entre operários e camponeses, também reivindica um salário mínimo equivalente a R$ 280 dólares, pensão de R$ 133 dólares, o fortalecimento do sistema de seguridade social, a interrupção da política de privatizações e o aumento dos investimentos públicos.
A luta dos trabalhadores indianos é acompanhada com atenção e entusiasmo pelo movimento sindical em todo o mundo e destacadamente pelas entidades filiadas à Federação Sindical Mundial (FSM), que já expressou seu ativo apoio à greve.
É preciso salientar que o fato, embora extraordinário, mereceu pouco ou nenhum destaque na mídia burguesa internacional, como sempre hostil às causas e batalhas trabalhistas e de rabo preso com o neoliberalismo.
Trata-se da segunda grande greve geral realizada ao longo deste ano. A primeira, levada a efeito em janeiro, também foi gigante, envolvendo mais de duas centenas de milhões de trabalhadores. Uma demonstração inequívoca de que a indignação com as políticas neoliberais está explodindo na Índia, assim como em outros países, como Bolívia e Chile, e regiões do globo.
Os líderes do movimento afirmam que a greve expressa raiva e angústia provocadas pelas recorrentes políticas antitrabalhistas e o fechamento de empresas que deixaram os trabalhadores e trabalhadoras migrantes ao deus-dará, sem dinheiro ou emprego, forçando-os a retornar aos vilarejos.
A Grande Greve de Toda a Índia é um exemplo para o mundo e em especial para o Brasil, onde desde o golpe de Estado de 2016 e ainda com mais força no governo neofascista de Jair Bolsonaro está em curso a mais brutal ofensiva do capital contra o trabalho já registrada em toda a história brasileira.
Que o exemplo do proletariado indiano seja assimilado, seguido e multiplicado mundo afora, pois é na luta contra a exploração capitalista e o horror neoliberal que se forja a consciência de classes. É também o fogo das batalhas de classes que ilumina o caminho de um futuro sem opressões, misérias e injustiça.
Por isto a CTB saúda com entusiasmo e espírito classista a classe trabalhadora e o movimento sindical da Índia, repudia a repressão governamental e a opressão patronal e manifesta sua total solidariedade aos grevistas e seus líderes.
São Paulo, 26 de novembro de 2020
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Nivaldo Santana, secretário de Relações Internacionais da CTB