Em termos numéricos, aprovação a presidente regrediu em 23 das 26 capitais. Não houve aumento do apoio em nenhuma capital do País
Os debates travados ao longo da campanha eleitoral de 2020 – com a denúncia da crise sanitária, econômica e social vivida – mudaram o humor dos brasileiros em relação ao presidente Jair Bolsonaro. Conforme levantamento do jornal O Globo, baseado em pesquisas do Ibope, a aprovação ao governo bolsonarista piorou em todas as regiões do Brasil, caindo numericamente em 23 das 26 capitais de outubro e novembro.
Para chegar a esse resultado, o jornal carioca comparou a primeira sondagem do Ibope no período eleitoral com a mais recente em cada uma das cidades. O instituto tem medido a aprovação e a rejeição à gestão Bolsonaro quando faz os levantamentos de intenção de voto para as prefeituras.
De acordo com os números, o percentual que avaliou o governo como “ótimo ou bom” caiu em quase todas as capitais caiu. Das 23 cidades nas quais o presidente teve esse índice reduzido, em 14 a queda foi além da margem de erro – que varia de três a quatro pontos percentuais, dependendo do município. Não houve aumento do índice de aprovação de Bolsonaro em nenhuma capital do País se considerada a margem de erro.
Outro indicador negativo para o presidente está relacionado ao número de entrevistados que avaliam sua gestão como “ruim e péssima”. Esse índice – dos que rejeitam o governo – subiu acima da margem de erro em 12 capitais.
As pesquisas foram feitas em um período no qual o auxílio emergencial concedido pelo governo em decorrência da pandemia foi reduzido de R$ 600 para R$ 300. Em setembro, segundo uma pesquisa nacional realizada pelo Ibope que abrangia também cidades do interior, o presidente contava com 40% de “ótimo e bom”, 29% de “regular” e 29% de “ruim e péssimo”.
A redução da popularidade de Bolsonaro nas capitais repercutiu nas urnas. Dos seis candidatos a prefeito apoiados pelo presidente em capitais, quatro foram derrotados no primeiro turno. Apenas dois disputam o segundo turno – e, mesmo assim, se encontram atrás nas pesquisas de intenção de voto.
A maior redução de avaliação “boa e ótima” de Bolsonaro ocorreu em João Pessoa (PB), onde o índice foi de 43% para 30% no último mês. Em seguida no ranking estão capitais da região Norte, como Manaus (AM) — de 54% para 42% —, onde o candidato bolsonarista à Prefeitura, Coronel Menezes (Patriota), ficou apenas em quinto lugar.
Em Rio Branco (AC), a aprovação sofreu queda de nove pontos, indo de 48% para 39%. A capital acreana levou o presidente a recuar da sua decisão de não apoiar candidatos no segundo turno – ele gravou um vídeo de apoio a Tião Bocalom (PP). Mas o gesto foi calculado, quase oportunista, dado o baixo risco: Bocalom terminou o primeiro turno com 49,58% e é favorito contra a prefeita e candidata à reeleição Socorro Neri (PSB).
Em 12 capitais, não houve variação no índice de aprovação, considerando a margem de erro. No Rio de Janeiro e em Macapá (AP), a avaliação “ótima e boa” se manteve de outubro a novembro – 34% e 42%, respectivamente. Em Aracaju (SE), o percentual passou de 25% para 28%, mas ficou dentro da margem de erro. No caso da capital sergipana, a comparação foi feita entre uma pesquisa divulgada em 11 de novembro e outra do último dia 20. O Ibope não questionou a avaliação do governo Bolsonaro nos levantamentos feitos ao longo de outubro.
A capital em que o presidente tem a melhor avaliação continua a ser Boa Vista, mas o número de moradores da capital de Roraima que consideram seu governo bom ou ótimo caiu de 66%, em 16 de outubro, para 58%, em 20 de novembro. Na outra ponta, Salvador segue como a capital em que o presidente tem a pior avaliação. Apenas 15% dos soteropolitanos consideram seu governo ótimo ou bom, enquanto 66% o avaliam como ruim ou péssimo.
São Luís e Curitiba foram as cidades nas quais mais cresceu a avaliação negativa do governo. Na capital do Maranhão, o percentual dos que consideram a gestão de Bolsonaro ruim ou péssima subiu de 46% para 57%. Já na capital paranaense a alta foi de dez pontos percentuais, de 34% para 44%.
Para o cientista político Carlos Pereira, professor da FGV, a postura belicosa do presidente na pandemia contribuiu para o resultado. “A economia vibrante não aconteceu. E o discurso conflituoso, de polarização, indo sempre para o extremo, perdeu o sentido com a pandemia.”
Fonte: Portal Vermelho