Por Francisca Rocha
A derrota de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos sinaliza para novos tempos. Derrota os representantes do ódio, da violência, do preconceito no mundo inteiro. É uma clara derrota para o presidente Jair Bolsonaro, que desde o primeiro dia de seu mandato se alinhou ao vencido presidente estadunidense.
Os ventos já vêm soprando a favor da democracia, da justiça e dos direitos humanos na América do Sul. O Chile votou massivamente a favor de uma nova Constituição, enterrando o projeto neoliberal que levou o país a uma crise sem precedentes. Com milhões de pessoas nas ruas o país andino vislumbra novos tempos.
A Bolívia enterrou o golpe de Estado de um ano atrás. Golpe engendrado por uma elite carcomida e entreguista. Alimentada pelo ódio ao povo boliviano e, principalmente às conquistas desse povo nos últimos anos.
Antes ainda, a Argentina derrotou o projeto neoliberal que jogou o país na trilha da amargura com milhões de argentinos entrando na pobreza extrema. O desemprego galopante e a retirada de direitos da classe trabalhadora para encher os bolsos do sistema financeiro.
O mesmo projeto do desgoverno de Jair Bolsonaro, que pôs o Brasil novamente no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas, aprofundando a crise para manter intacto os lucros do sistema financeiro e dos grandes capitalistas.
O desemprego já ultrapassa os 14% da população economicamente ativa. Ignorou a ciência e não fez anda para impedir que a Covid-19 já levasse ao óbito mais de 160 mil brasileiras e brasileiros e ainda age na surdida para privatizar o SUS, deixando 75% da população sem assistência médica. O presidente e seu ministro da Economia, Paulo Guedes cortam investimentos na saúde, na educação e em todos os setores sociais. Elege os servidores públicos como inimigos, congela salários e investimentos para tornar o serviço público impraticável.
Mas como seus aliados do Sul e do Norte, Bolsonaro perde apoio popular a olhos vistos. Os candidatos que contam com o seu apoio para as prefeituras das capitais vêm derretendo e despencando nas pesquisas. E com isso o presidente beligerante e claramente contra a paz, a natureza, os direitos trabalhistas e os interesses nacionais deve sair enfraquecido nas eleições municipais de 2020.
Fundamental votar em candidatas e candidatos comprometidos com os que mais precisam e com projetos em favor do desenvolvimento econômico com justiça social. É preciso votar em quem valorize a cidade e defenda políticas públicas a favor da igualdade e do combate à miséria, com criação de empregos.
Estas eleições municipais são cruciais para o país sair do fundo do poço e começar a se reerguer com nação livre e soberana. Por isso, é importante votar em quem está do lado do povo, da cidade e do país.
Muito bom lembrar a canção Sangue Latino (1973), de João Ricardo e Paulinho Mendonça: “Rompi tratados/Traí os mitos/Quebrei a lança lancei o espaço/Um grito, um desabafo/E o que me importa é não estar vencido”. Que os ventos do Norte e do Sul movam todos os moinhos do ódio, do preconceito e do entreguismo.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).