O desemprego continua em alta no país, a julgar pelas últimas estatísticas divulgadas pelo IBGE, que compõem um retrato triste e trágico do mercado de trabalho brasileiro. No trimestre compreendido entre junho e agosto a taxa de desemprego aberto avanço 1,6% e alcançou 14,4%, sua maior marca desde que a série histórica teve início em 2012.
O número de desempregados (no conceito restrito de desemprego aberto do IBGE) totalizou 13,8 milhões. Subiu 8,5% (mais 1,1 milhão de pessoas) frente ao trimestre móvel anterior (12,7 milhões) e 9,8% (1,2 milhão de pessoas a mais) em relação mesmo trimestre de 2019 (12,6 milhões).
Os desalentados somam 5,9 milhões e a população fora da força de trabalho (79,1 milhões de pessoas) foi recorde da série, com altas de 5,6% (mais 4,2 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 21,9% (mais 14,2 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
Já a taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 30,6%. A situação poderia ser pior se não tivesse vigorando o auxílio emergencial de R$ 600,00, cujo valor Bolsonaro reduziu à metade. O dinheiro, uma vez no bolso dos mais necessitados, aqueceu o consumo e impediu um mergulho mais profundo da economia na depressão. Por isto, as centrais sindicais lutam pela restituição do valor original do benefício. A desocupação em alta é outro fato que reforça a necessidade de preservar os R$ 600,00 apontam os sindicalistas.
Leia abaixo a notícia do IBGE sobre o mercado de trabalho:
A taxa de desocupação (14,4%) no trimestre de junho a agosto de 2020 foi a mais alta da série histórica iniciada em 2012, crescendo 1,6 ponto percentual (p.p) em relação ao trimestre de março a maio (12,9%) e 2,6 p.p. frente ao trimestre junho a agosto de 2019 (11,8%).
Indicador / Período | Jun-Jul-Ago 2020 | Mar-Abr-Mai 2020 | Jun-Jul-Ago 2019 |
---|---|---|---|
Taxa de desocupação | 14,4% | 12,9% | 11,8% |
Taxa de subutilização | 30,6% | 27,5% | 24,3% |
Rendimento real habitual (R$) | 2.542 | 2.465 | 2.351 |
Variação do rendimento real habitual em relação a: | 3,1% | 8,1% |
A população desocupada (13,8 milhões de pessoas subiu 8,5% (mais 1,1 milhão de pessoas) frente ao trimestre móvel anterior (12,7 milhões) e subiu 9,8% (1,2 milhão de pessoas a mais) em relação mesmo trimestre de 2019 (12,6 milhões).
A população ocupada (81,7 milhões, a menor da série) caiu 5,0% (menos 4,3 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e 12,8% (menos 12,0 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019. O nível de ocupação (46,8%) também foi o mais baixo da série, caindo 2,7 p.p. frente ao trimestre anterior e de 7,9 p.p. contra o mesmo trimestre de 2019.
A taxa composta de subutilização (30,6%) foi recorde na série, crescendo 3,1 p.p. em relação ao trimestre móvel anterior (27,5%) e 6,2 p.p. frente ao mesmo trimestre de 2019 (24,3%). A população subutilizada (33,3 milhões de pessoas) também foi recorde, subindo 9,7% (mais 3,0 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 20,0% (mais 5,6 milhões de pessoas) contra o mesmo trimestre de 2019.
A população na força de trabalho (95,5 milhões de pessoas) caiu 3,2% (menos 3,2 milhões) frente ao trimestre anterior e 10,1% (menos 10,7 milhões de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019. A população fora da força de trabalho (79,1 milhões de pessoas) foi recorde da série, com altas de 5,6% (mais 4,2 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 21,9% (mais 14,2 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
A população desalentada (5,9 milhões) foi recorde, com altas de 8,1% (mais 440 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e 24,2% (mais 1,1 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019. O percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada (5,8%) também foi recorde, crescendo 0,6 p.p. frente ao trimestre anterior e de 1,5 p.p. contra o mesmo trimestre de 2019.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos), estimado em 29,1 milhões, foi o menor da série, caindo 6,5% (menos 2,0 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 12,0% (menos 4,0 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (8,8 milhões de pessoas) caiu 5,0% (menos 463 mil pessoas) em relação ao trimestre móvel anterior e 25,8% (menos 3,0 milhões) ante o mesmo trimestre de 2019. O número de trabalhadores por conta própria (21,5 milhões de pessoas) caiu em ambas as comparações: -4,0% (ou menos 894 mil) contra o trimestre móvel anterior e -11,4% (ou menos 2,8 milhões de pessoas) frente ao mesmo período de 2019.
O número de trabalhadores domésticos (4,6 milhões de pessoas) é o menor da série, caindo 9,4% (menos 473 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 27,5% (menos 1,7 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
A taxa de informalidade chegou a 38,0% da população ocupada (ou 31,0 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, a taxa foi 37,6% e, no mesmo trimestre de 2019, 41,4%.
O rendimento médio real habitual (R$ 2.542) no trimestre terminado em agosto subiu 3,1% frente ao trimestre anterior e 8,1% contra o mesmo trimestre de 2019. A massa de rendimento real habitual (R$ 202,5 bilhões) caiu 2,2% (menos R$ 4,6 bilhões) frente ao trimestre anterior e 5,7% (menos R$ 12,3 bilhões) contra o mesmo trimestre de 2019.
Embora o trimestre móvel de junho a agosto de 2020 tenha registrado o menor contingente de população ocupada (81,7 milhões de pessoas) da série, observa-se a desaceleração do percentual de queda dessa população em relação à retração ocorrida no trimestre encerrado em maio de 2020.
A população fora da força de trabalho (79,1 milhões) também atingiu o maior valor da série, com resultante crescimento de 14,2% da força de trabalho potencial em relação ao trimestre móvel anterior. Apesar dos contingentes recordes dessas duas populações, também se observa menor expansão de ambas, em relação à registrada no trimestre encerrado em maio de 2020.
Frente ao trimestre móvel anterior, a população ocupada diminuiu em oito dos dez grupamentos de atividades analisados pela PNAD Contínua: Indústria (3,9%, ou menos 427 mil pessoas), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (4,7%, ou menos 754 mil pessoas), Transporte, armazenagem e correio (11,1%, ou menos 507 mil pessoas), Alojamento e alimentação (15,1%, ou menos 661 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (3,3%, ou menos 337 mil pessoas), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,4%, ou menos 740 mil pessoas), Outros serviços (11,6%, ou menos 510 mil pessoas) e Serviços domésticos (9,4%, ou menos 477 mil pessoas). Houve aumento no grupamento de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (2,9%, ou mais 228 mil pessoas). Já a Construção apresentou estabilidade.
Em relação ao mesmo trimestre de 2019, não houve crescimento em nenhum grupamento. Nove dos dez grupamentos tiveram redução na ocupação: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (4,3%, ou menos 366 mil pessoas), Indústria (13,4%, ou menos 1,6 milhão de pessoas), Construção (19,0%, ou menos 1,3 milhão de pessoas), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (13,6%, ou menos 2,4 milhões de pessoas), Transporte, armazenagem e correio (16,6%, ou menos 803 mil pessoas), Alojamento e alimentação (31,4%, ou menos 1,7 milhão de pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (6,2%, ou menos 657 mil pessoas), Outros serviços (22,5%, ou menos 1,1 milhão de pessoas) e Serviços domésticos (27,5%, ou menos 1,7 milhão de pessoas). Apenas o grupamento Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais mostrou estabilidade
A força de trabalho potencial (13,6 milhões de pessoas) cresceu 14,2% (mais 1,7 milhão de pessoas) frente ao trimestre móvel anterior e 70,4% (mais 5,6 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.
O número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas (6,0 milhões) ficou estável frente ao trimestre móvel anterior e caiu em relação ao mesmo trimestre de 2019 (-17,6% ou 1,3 milhão de pessoas a menos).
Taxa composta de subutilização – trimestres de junho a agosto – 2012 a 2020 – Brasil (%)
O número de empregadores (3,9 milhões de pessoas) ficou estável em relação ao trimestre anterior e caiu frente ao mesmo trimestre de 2019 (-10,2% ou menos 444 mil pessoas).
A categoria dos empregados no setor público (11,9 milhões de pessoas), que inclui servidores estatutários e militares, caiu frente ao trimestre anterior (-2,8% ou menos 343 mil pessoas) e permaneceu estável em relação ao mesmo trimestre de 2019.
Frente ao trimestre móvel anterior, o rendimento médio real habitual cresceu em dois grupamentos de atividade: Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (7,1%, ou mais R$ 237) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,4%, ou mais R$ 120). Os demais grupamentos não tiveram variações significativas.
Em relação ao mesmo trimestre de 2019, o rendimento cresceu em quatro grupamentos: Indústria (12,3%, ou mais R$ 286) Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (5,4%, ou mais R$ 102) Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,4%, ou mais R$ 154) e Outros serviços (7,6%, ou mais R$ 129). Os demais grupamentos não tiveram variações significativas.
Rendimento médio mensal real habitual de todos os trabalhos – Brasil – 2012/2020 (R$)