Por Francisca Rocha
Os barões da educação pressionam a volta das aulas presenciais para salvar seus lucros. Parte da mídia patronal endossa essa pretensão para salvar o deus mercado. Grande parte dos governadores cedem aos interesses do capital.
Esses atores não têm nenhuma preocupação com a qualidade da educação. Não têm preocupação com o futuro, só pensam no que podem ganhar agora. Não se preocupam com as crianças, jovens e muito menos com os profissionais da educação.
Esses atores desprezam a educação pública. Trabalham pela privatização. Por uma educação cada vez mais elitista, para poucos. Querem salvar a economia sem salvar as pessoas. Não se importam com a vida.
Como se fosse possível o sistema capitalista sobreviver sem a classe trabalhadora. No fundo eles sabem que é impossível. Sabem que os patrões vivem da exploração da força de trabalho de quem vive da força de seus braços e do seu suor e na dureza do dia a dia.
Por isso, insistem no retorno imediato das aulas presenciais com a pandemia ainda causando grandes estragos, fora de controle e inexistência de um método melhor do que o isolamento social para combater a Covid-19.
Onde aconteceu o retorno das aulas presenciais, o desastre foi completo. No Amazonas, centenas de professoras e professores foram contaminados pelo coronavírus. No Rio Grande do Sul, a mesma situação terrível. Vários países tiveram que voltar atrás dessa medida precipitada e insana.
E mesmo assim, o governador João Doria, de São Paulo, insiste numa retomada por enquanto parcial e não obrigatória, mas já o suficiente para causar grandes traumas para o combate à pandemia.
Em São Paulo, como em quase todos os estados, a educação pública está na corda bamba com sucessivos cortes de investimentos. Os salários das professoras e professores estão entre os piores do mundo, as escolas estão em situação muito precária e a desmotivação aos estudos é alarmante.
A maioria dos pais e mães não querem o retorno às aulas presenciais nessas condições. Não resolve um pouco de álcool em gel e alguma água e sabão. Mesmo porque a maioria dos estados sempre fez muito pouco para manter as escolas em condições higiênicas aceitáveis. São pouquíssimos funcionários, que logicamente não dão conta de manter os prédios escolares em condições sanitárias desejáveis.
É muito importante insistir e levar esse debate fundamental para o conjunto da sociedade. Que escola queremos para as nossas crianças e jovens no pós pandemia? Precisamos dizer que queremos uma escola que contemple os anseios de seus alunos, respeite e valorize seus profissionais e com condições adequadas possa emanar conhecimento, com liberdade e respeito a toda a comunidade escolar.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).