Por Railídia Carvalho
Os trabalhadores e trabalhadoras da educação no Amazonas realizaram dois dias de paralisação para denunciar o aumento dos casos de Covid-19 após a volta às aulas. Nesta segunda e terça-feiras, 91 escolas paralisaram parcial ou totalmente as atividades de um total de 123 do ensino médio na capital Manaus. “Os colegas que não pararam são contratos no Estado e alguns são do estágio probatório. Tem medo de parar e serem descontados ou terem o contrato rescindido”, explicou Ana Cristina Rodrigues, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam).
Nesta quarta-feira (26), a partir das 14h, haverá uma assembleia para decidir as próximas ações do movimento. Segundo Ana, a greve não está descartada. O sindicato aguarda uma posição do Ministério Público do Trabalho (MPT) e está tentando uma audiência com o secretario de educação do Estado, Luís Fabian, que tem se mostrado irredutível em suspender as aulas. A Defensoria Pública, que foi acionada pelo Sinteam, começou uma vistoria nas escolas. O sindicato também tem feito vistorias para apurar denúncia de falta de kit básico de higienização como álcool em gel e sabão líquido para as mãos.
“Das 123 escolas que retornaram no dia 10 de agosto temos casos confirmados de covid-19 em professores de 56 estabelecimentos. A maior quantidade de casos estão nas escolas estaduais José Lindoso e Senador Severiano, essa última com 13 casos confirmados”, contou a dirigente. Segundo ela, também há casos de dois alunos que pegaram o coronavírus.
O Sinteam também denunciou que a secretaria de educação vem omitindo os dados do número de contaminados. “A Vigilância em Saúde publica o relatório diário sem colocar quem são as pessoas que estão testando positivo para Covid-19”, contou Ana Cristina. A presidente do Sinteam completou que “em 3 dias de testagem com os trabalhadores da educação surgiram 162 resultados positivos de um total de 534 pessoas testadas”.
Ana acrescentou ainda que o número de estudantes que retornaram às aulas é baixo. “Os pais estão com medo deste retorno. As aulas no município não retornarão este ano porque a secretaria não acredita na imunidade de rebanho. Não há justificativa para o governo do Estado ter retomado as aulas presenciais”, comparou a dirigente.