O então presidente Evo Morales foi derrubado em novembro de 2019. De lá pra cá, a Bolívia vê agravar a crise econômica e política. As eleições presidenciais, já adiadas três vezes, estão marcadas para 18 de outubro. O economista Luiz Arce concorrerá pelo MAS, partido de Evo.
Sob Evo, a Bolívia era o país latino-americano com maior crescimento econômico. Caía também a pobreza. O governo tentava manter controle das matrizes energéticas, especialmente gás e petróleo. Com imensas reservas de lítio, o país vê a cobiça internacional avançar.
Para falar de eleições e do legado de Evo Morales, a live da Agência Sindical de quarta (19) recebeu o jornalista e escritor Leonardo Wexel Severo.
TRECHOS PRINCIPAIS:
Informação – Estamos tentando furar o bloqueio midiático, a partir de veículos parceiros, pra que os brasileiros saibam o que acontece na Bolívia. Temos tentado mostrar que estão em jogo o papel do Estado, os investimento em educação, a distribuição de terra, ou seja, tudo o que fez diminuir a miséria de 38% pra 15%. A longevidade média aumentou em 10 anos.
Candidato – Pelo MAS, sai Luiz Arce, que foi ministro do Evo. Iriam conseguir pelo sétimo ano consecutivo o maior crescimento da América Latina. O aumento do PIB ensejava um 14º salário. Essa injeção de renda alimentava a economia e gerava mais emprego. Isso incomodava uma oligarquia minúscula, que tem peso na Bolívia.
Lados – Existe de um lado uma política inclusiva defendida pela chapa de Arce. Do outro, um setor que nunca soube o que é acordar cedo pra trabalhar, que dá as costas ao povo e tenta impor uma lógica de submissão. Evo foi derrubado por eles.
Golpe – Há uma elite militar vinculada aos EUA, no sentido de justificar a entrega do País. Ano passado, mesmo o Evo tendo vencido as eleições, sofreu o golpe de Estado cívico-militar. Assumiu Jeanine Áñez, que agora tenta se manter no poder pela via eleitoral.
Corrupção – O governo imposto desmontou a estrutura pública. O aparato pelo qual havia investimento estatal foi posto de lado e surgiram inúmeras denúncias de corrupção grotesca. A soberania hoje está em jogo em meio a uma grave crise sanitária. A economia parou de crescer; a perspectiva é de enfrentar a pior crise nos próximos 25 anos.
Eleição – Foi adiada pra 18 de outubro e só vai acontecer porque houve uma grande paralisação comandada pelo Pacto de Unidade, que agrupa movimentos de camponeses, mulheres, indígenas e agora a Central Operária Boliviana. É uma data irrevogável.
Covid-19 – A Bolívia tem muitas mortes e mais de 100 mil contagiados. Em muitas regiões, os problemas sanitários se agravaram. O governo visa precarizar as condições a fim de fazer discurso que impeça o deslocamento de jornalistas e observadores pra acompanhar a eleição.
Sindicalismo – No momento, a mobilização é pra denunciar o risco que significa a continuidade do governo imposto, no que diz respeito aos planos privatistas e a riscos de retrocessos em todos os avanços obtidos ao longo dos anos.
Fonte: Agência Sindical
Foto: João Franzin entrevista Leonardo Wexel Severo (de óculos).