Por Railídia Carvalho
Elias Divisa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sintect-SP), afirmou nesta quinta-feira (20) que a orientação é que trabalhadores e trabalhadoras permaneçam “firmes na luta até sábado”. Em greve desde a última terça-feira (18), eles voltam a se reunir no sábado (22) para avaliar a greve e também a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a vigência do acordo coletivo da categoria.
Segundo Divisa, se manter firme na luta significa organizar atividades para manter os trabalhadores mobilizados em torno da defesa dos direitos que constam no Acordo Coletivo de 2019. “É importante atuar nas redes sociais, organizar carreatas nas cidades para manter os trabalhadores em movimento e a sociedade a par do momento difícil pelo qual estão passando os trabalhadores”, explicou o dirigente.
A direção dos Correios quer extinguir 70 das 79 cláusulas do Acordo Coletivo dos Correios que, de acordo com o Tribunal Superior do Trabalho(TST), deveria ter validade até 2021. Para não acatar a decisão do TST, a direção dos Correios entrou com ação no STF onde conseguiu liminar. A empresa e o governo federal querem derrubar a validade do acordo até 2021 e o compartilhamento do convênio médico. Os trabalhadores esperam que o Supremo confirme a validade do acordo até 2021 mas criticam a liminar concedida.
STF passou por cima do TST
“Não era matéria pra estar na alta corte do país. A situação de discussão ainda nem sequer se encerrou no TST e o STF passou por cima do tribunal especializado”, ressaltou Wilson Araújo, dirigente da Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect). Wilson e Divisa, que também é dirigente da Findect, participaram de uma live nesta quinta-feira avaliando a situação dos trabalhadores. “O STF nunca tinha se envolvido em uma negociação dos Correios. Esperamos que eles consertem essa situação e votem a favor dos trabalhadores”, afirmou Divisa.
Entre os benefícios que estão sob o ataque da direção dos Correios estão auxílio como a verba que custeia creche para funcionárias que são mães e o que beneficia o tratamento de filhos dos trabalhadores com problemas de saúde. O plano de saúde também sofreu mudanças onerando o trabalhador fazendo com que 30 mil abandonassem o plano em plena pandemia. Outros 15 mil estão inadimplentes e, segundo os Correios, precisam pagar para não serem cortados do plano de saúde.
“O sentimento dos trabalhadores é que estamos abandonados por prestarmos um atendimento à população. Os Correios estão em todos os lugares do Brasil e mesmo durante a pandemia estiveram na linha de frente. Muitos trabalhadores ficaram doentes, muitos morreram e aqui em São Paulo os trabalhadores sentiram muito. Por isso aqui a greve está forte e com muito apoio. Os trabalhadores vieram para a carreata de bicicleta, patinete. Em outros estados do Brasil o movimento também é muito expressivo”, disse Divisa.
Wilson explicou que no Maranhão os trabalhadores também estão mobilizados pela defesa dos direitos e assumindo responsabilidades. “É uma satisfação ver as pessoas que estão distantes da sede do sindicato 500, 660 km estão assumindo a responsabilidade de dar entrevista pra explicar o que está acontecendo mesmo sem serem diretores sindicais. Pessoas pedindo ajuda ao sindicato para alugar o carro de som e eles mesmo passando com o carro de som nas suas cidades. Muitos organizando audiências públicas no interior do estado”.