Por Fernando Brito, editor do Tijolaço
A festejada delação premiada do doleiro Dario Messer produziu um efeito colateral.
A narrativa da Veja é arrasadora:
Em depoimento realizado no dia 24 de junho e que consta no anexo 10 da delação que tem mais de 20 capítulos, o doleiro afirma ter realizado repasses de dólares em espécie para os Marinho em várias ocasiões. Segundo o delator, a entrega dos pacotes de dinheiro acontecia dentro da sede da Rede Globo, no Jardim Botânico. Messer diz que um funcionário de sua equipe entregava de duas a três vezes por mês quantias que oscilavam entre 50 000 e 300 000 dólares.
E quem pegava estas “malas”?
De acordo com o delator, a pessoa que recebia o dinheiro na Globo era um funcionário identificado por ele como José Aleixo.
E quem é José Aleixo? Não só sempre foi o homem forte das finanças da Globo, como assessorava o próprio Roberto Marinho em suas movimentações financeiras desde os tempos dos acordos com a Time Life que permitiram a construção do império. Na tese de doutorado de João Braga Arêas, na Universidade Federal Fluminense, em 2012, a proximidade singular entre Marinho e Aleixo já era registrada.
Em 1969, Marinho comprava a parte de suas empresas que pertencia a Time Life, através de financiamentos obtidos com o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins e com o Banco da Estado da Guanabara. Alguns integrantes da empresa norte-americana permaneceriam na Globo, como Joe Wallach, José Aleixo e Homero Sánchez.
Aleixo era, portanto, mais que um funcionário da Globo: era amigo íntimo de Marinho e detentor de segredos que, nesta condição, defendia todo o tempo. Foi, por isso, um dos adversários mais empedernidos do projeto Memória Globo, mas lá acabou aparecendo em um econômico perfil.
Irônico que ele, o homem em que “Doutor Roberto” mais confiava em matéria de dinheiro possa ser o início do fio da meada que descerre os segredos dos negócios bilionários da família Marinho.