Por Marcos Aurélio Ruy
Sem nenhuma explicação, o canal do YouTube Legacies of Brazilian Cinema aparece no YouTube inexistente desde a segunda-feira (17).
Estamos em 2020 e o preconceito ainda prevalece sobre os filmes brasileiros. Há um sentimento arraigado de “viralatismo” forjado por uma forte campanha de empresas multinacionais contra a produção nacional com a complacência de parte da mídia tupiniquim.
O canal do YouTube Legacies of Brazilian Cinema conta com mais de 400 obras da cinematografia nacional entre ficção, documentários e entrevistas. Uma ótima notícia num ano em que a Cinemateca Brasileira corre risco de fechar porque o desgoverno de Jair Bolsonaro quer destruir a cultura do país. E a pandemia do coronavírus exige que as pessoas fiquem em casa, se tiverem condições para isso.
Acesse o canal do YouTube Legacies of Brazilian Cinema
O UOL bem que tentou descobrir quem está por trás dese projeto, mas não conseguiu. Teve apenas a resposta de que o canal foi criado para manter viva a memória do cinema nacional, afinal eles dispõem de títulos desde 1910 até 2020. É possível assistir ao filme mudo “Exemplo Regenerador” (1919), de José Medina (1894-1980).
Você pode encontrar clássicos do cinema brasileiro, um dos mais diversos do mundo. Além do preconceito arraigado, os cineastas enfrentam a falta de apoio e patrocínio para produzir obras que injetam cerca de R$ 19 bilhões na economia anualmente e geram mais de 100 mil empregos diretos, entre diretoras, diretores, atores, atrizes, pessoal técnico e distribuidores.
Totalmente de graça dá para assistir pelo Legacies, filmes como “O Ébrio” (1946), de Gilda Abreu; “Nem Sansão Nem Dalila” (1955), de Carlos Manga; “Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias; “O Caso dos Irmãos Naves” (1967), de Luiz Sérgio Person; “Hitler 3º Mundo” (1968), de José Agripino de Paula; “Matou a Família e Foi ao Cinema” (1969), de Júlio Bressane; “Aleluia, Gretchen” (1976), de Silvio Back; “Lúcio Flávio – o Passageiro da Agonia” (1977) de Hector Babenco; “Toda Nudez Será Castigada” (1976), de Arnaldo Jabor; “O Homem que Virou Suco” (1980), de João Batista de Andrade; “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho; “Jango” (1984), de Silvio Tendler; “O Homem da Capa Preta” (1980), de Sergio Rezende; “A Marvarda Carne” (1985), de André Klotzel; “A Hora da Estrela” (1985), de Suzana Amaral; “Guerra do Brasil (1987), de Silvio Back; “Feliz Ano Velho” (1987), de Roberto Gervitz; “Terra para Rose” (1987), de Tetê Moraes; “Lamarca” (1994), de Sergio Rezende; “A Ostra e o Vento” (1997), de Walter Lima Jr.; “O Assalto ao Poder” (2002), de Eduardo Escorel; “Garotas do ABC” (2003), de Carlos Reichenbach e “Até o Fim” (2020), de Ary Rosa e Glenda Nicácio.
Há também muitas obras de Ruy Guerra, Leon Hirszman (1937-1987), Silvio Tendler, Cacá Diegues, Luiz Sérgio Person (1936-1976), Rogério Sganzerla (1946-2004), Júlio Bressane, Walter Hugo Khouri (1929-2003), José Mojica Marins, Zé do Caixão (1936-2020), entre outros grandes do cinema brasileiro.
Além de contar com um acervo volumoso e rico, o canal facilita a pesquisa. Você pode procurar por décadas, estilos, diretores, atores e até editores e diretores de fotografia. E ainda pode assistir ao filme de sua escolha livre de propagandas, basta ter acesso à internet.
Mostra Ecofalante de Cinema
Ainda dá tempo de assistir a 9ª Mostra Ecofalante de Cinema, que começou na quarta-feira (12) e termina na quinta-feira (20). A mostra conta com 98 títulos de 24 países, muitos inéditos no Brasil. De acordo com os organizadores esse é o maior “evento sul-americano dedicado a temática socioambiental com até onze sessões por dia. Tenha todos os detalhes e acompanhe a mostra pelo site do evento ecofalante.org.br.
“A Ecofalante é uma ONG que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade”, dizem os organizadores. Também produz “filmes, documentários e programas de televisão de caráter cultural, educativo e socioambiental”.
Em tempos de destruição da cultura e da natureza por gente sem compromisso com a vida, com os mais pobres, com o conhecimento e com o futuro, é primordial assistir a essa importante mostra de cinema voltada para a preservação na natureza, valorização da cultura e da vida.