O isolamento social imposto pela pandemia deixou milhões de trabalhadores e trabalhadoras da cultura sem renda, sem trabalho, sem condições de sobreviver. A Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural nasceu para socorrer este segmento e inspirou um movimento cultural marcado pela construção coletiva que vem se somar às iniciativas em defesa dos direitos, da democracia e de um novo país
Por Railídia Carvalho
O Brasil da pandemia do coronavírus escancarou a cara da política perversa do governo de Jair Bolsonaro: A de um país desnaturado e sem direitos, nem mesmo o direito à vida. No mesmo país da pandemia, porém, se encontrou um outro Brasil: Aquele preocupado com o bem-estar da nossa gente. O compositor Aldir Blanc que morreu em maio de Covid-19 deu o nome a uma Lei de Emergência Cultural. Deu também inspiração para o levante nacional da cultura pela sobrevivência de 5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras do setor e contra o conformismo.
A live que vou mediar nesta quinta-feira (16), das 19h às 22h, fortalece em São Paulo a corrente de iniciativas virtuais que vem acontecendo em todo o país em torno da Lei Aldir Blanc. É um Ato Político Cultural que mobilizou um grupo de artistas, produtores, gestores culturais e coletivos de diversas expressões artísticas. Vamos ouvir e ser ouvidos em uma combinação de música, poesia, performances, conversa e informes sobre os principais eixos da lei e a mobilização pela sua implementação na cidade e no Estado de São Paulo. Um ato de resistência política, de trocas artísticas, diálogo, de participação social.
Bem ao espírito coletivo da Lei Aldir Blanc, que nasceu de mobilização da sociedade civil encampada por ações de parlamentares da oposição, entre os quais o Projeto de Lei da deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e a relatoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A relatora, que também é musicista, ouviu muitos depoimentos para formatar um texto para ir à votação e que atendesse emergencialmente o maior numero de trabalhadores e trabalhadoras da cultura. À exceção do Partido Novo, essa bandeira virou consenso no Congresso e Bolsonaro adiou mas sancionou a Lei.
A hora é de intensificar a mobilização para que os R$ 3 bilhões de reais previstos pela Lei cheguem aos Estados e Municípios e se transformem em ações concretas; e que beneficiem, em uma corrente de solidariedade e responsabilidade social, os trabalhadores e as trabalhadoras da cultura que estão nos segmentos mais vulneráveis da população brasileira.
As ações emergenciais da Lei Aldir Blanc garantem uma renda emergencial que será paga em 3 parcelas de R$ 600 reais, subsídios de R$ 3 mil a 10 mil reais para espaços culturais e comunitários que desenvolvam atividades artísticas e também recursos para ações de fomento. Mas como acontece com todo recurso público no Brasil, a disputa política é sem trégua: para além das garantias formais, faz-se imprescindível a participação ativa da sociedade na pressão e na fiscalização por uma gestão adequada, eficiente, transparente e democrática. Para que os recursos cheguem em quem desesperadamente precisa. E cheguem já! Porque a fome não espera.
Este movimento cultural coletivo que se reflete em tantos atos pelo país sobre a Lei Aldir Blanc é uma oportunidade de escolher qual Brasil queremos. Queremos o Brasil em que os artistas são obrigados a vender seus instrumentos para comprar a comida ou pagar o aluguel? Esse Brasil desnaturado do governo de Jair Bolsonaro sem direitos, sem emprego, sem renda, sem democracia? Ou o Brasil de Aldir Blanc, da palavra a serviço do ser humano, da consciência social e dos compromissos históricos, do engajamento e da dignidade artística sem concessões?
Railídia é integrante há 20 anos da roda de samba dos Inimigos do Batente, é jornalista e produtora cultural e pré-candidata a vereadora em São Paulo pelo PCdoB
SERVIÇO:
Live : Ato Político Cultural Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural – Pague Já!
16 de Julho de 2020
Mediação: Railídia
O ato será transmitido pelas redes sociais. Confira os links abaixo:
? Facebook: https://www.facebook.com/watch/?v=4091380034236542
? YouTube: https://youtu.be/De5Nv82zDPs
Participações
Danilo Nunes – cantor e compositor
Alexandre Santini – gestor cultural, dramaturgo e escritor
Iá Carvalho – atriz e multiartista
Carlinhos Antunes – violonista, compositor e arranjador e Gabriel Levy – acordeonista, arranjador, compositor e educador musical
Leci Brandão (participação gravada) – cantora, compositora e deputada estadual
Roberta Valente – pandeirista e Alexandre Ribeiro – clarinetista
Toni C – escritor e produtor cultural
Roberta Oliveira – cantora e articuladora cultural
Marcelo Marcus Fonseca – diretor teatral e músico
Rosa Rio – cantora, compositora e musicista
Dona Jacira – detentora de tecnologias vindas de processos civilizatórios ancestrais de saberes e fazeres
Celso Viáfora – cantor e compositor
Monica Trigo – presidente da FANTLATAM – Aliança Latino-americana de Festivais de Cinema Fantástico
Kiko Dinucci – compositor
Ligia Fernandes – produtora cultural e integrante do coletivo Kolombolo diá Piratininga
Dra. Alessandra Ribeiro – gestora cultural, mestra e liderança da Comunidade Jongo Dito Ribeiro
Victor Rodrigues – poeta
Raquel Tobias – cantora e compositora