Nobel da Paz para o altruísmo cubano

José Reinaldo de Carvalho*

Uma onda de solidariedade continental e mundial se levanta em favor da atribuição do Prêmio Nobel da Paz à Brigada Médica Henry Reeve, de médicos cubanos.  

O Brasil e mais 13 países latino-americanos e caribenhos estão imersos nesta campanha. No próximo 26 de Julho, Dia da Rebeldia Cubana, organizações sociais latino-americanas içam oficialmente a bandeira do Prêmio Nobel da Paz a esses profissionais de saúde solidários e humanistas. Globalmente, a campanha terá sua arrancada a partir de 13 de agosto, natalício do líder histórico da Revolução, Fidel Castro.  

Formada médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde, habilitados para enfrentar epidemias e situações calamitosas que afetam a segurança sanitária e a vida de numerosas comunidades, a Brigada Henry Reeve já levou cuidados médicos a Angola, Haiti, Chile, Paquistão, Guatemala, Bolívia, México, China, Peru, entre outros países. A primeira destas missões humanitárias foi na Argélia, em 1963. Desde então, Cuba enviou durante décadas brigadas médicas a  países atingidos por catástrofes naturais e epidemias. Um dos fatos mais marcantes foi a participação dos médicos cubanos no Haiti, na crise de cólera, em 2010. A luta contra o ebola na África, a cegueira na América Latina e Caribe também foram exemplos notáveis da eficácia da solidariedade médica cubana. 

As brigadas estão presentes em mais de 60 países. O contingente internacional de médicos especializados em desastre e grandes epidemias atua em 24 países latino-americanos; 27 da África subsaariana, 2 do Oriente Médio, 7 da Ásia, informa o manifesto da Rede em Defesa da Humanidade que organiza a campanha no Brasil. Agora, durante a pandemia de Covid-19, essas brigadas atuaram em diversos países, inclusive europeus. Sua presença na Itália foi decisiva, no momento mais doloroso do surto do novo coronavírus. 

Por onde passa, a Brigada Henry Reeve recebe a menção honrosa de autoridades, organizações políticas, sociais, humanitárias e veículos de mídia, um contraste com o que ocorreu no Brasil, onde os profissionais de saúde cubanos foram o contingente principal do programa Mais Médicos, desativado no governo de extrema direita de Jair Bolsonaro.   

A premiação da Brigada Médica Henry Reeve com o Nobel da Paz será um reconhecimento a uma obra altruísta e humanista. O papel dos médicos cubanos no mundo é uma demonstração de solidariedade internacionalista, um traço marcante do sistema político da maior das Antilhas, um exemplo de defesa dos direitos humanos e cooperação internacional por parte de um país bloqueado e em luta para oferecer condições dignas de vida ao seu povo. 

O apoio internacional a esta campanha é também uma forma de lutar contra o bloqueio estadunidense e a atividade solerte do governo de Donald Trump, que exerce pressões descabidas sobre governos de diferentes países para evitar que contratem ou façam convênios para a participação de médicos cubanos no combate à pandemia de Covid-19.  

A história do nome da brigada é um símbolo da solidariedade e da luta pela independência. No ano de 2005, quando ocorreu o furacão Katrina, o governo cubano propôs o envio de mais de 1.500 profissionais de saúde para brindar assistência aos Estados Unidos. Recusada a oferta pela Casa Branca, Fidel Castro nomeou a brigada como  Contingente Internacional Henry Reeve de Médicos Especializados em Desastres e Epidemias Graves em homenagem a um jovem estadunidense.  

Henry Reeve foi um soldado nascido no Brooklin em 1850. Aos 19 anos, combateu em Cuba pela causa da independência da ilha e se tornou general de brigada do Exército Cubano de Libertação, o célebre exército mambí da Primeira Guerra pela Independência. Morreu na cidade cubana de Matanzas, aos 26 anos. 

Um altruísta. Com seu nome, o governo socialista cubano multiplica e espalha gestos de altruísmo pelo mundo, em favor dos pobres da terra.  

*Jornalista, dirigente do PCdoB, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc