Por Railídia Carvalho
A Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil reuniu na sexta-feira (29) lideranças da agricultura familiar para uma sala virtual que debateu o tema “Soberania alimentar em tempos de pandemia”. Para assistir ao debate completo acesse a página da CTB no youtube clicando AQUI. Ronaldo Leite, secretário de Formação da CTB, e Vânia Pinto, secretária nacional de políticas sociais da CTB, foram os mediadores.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, fez a saudação inicial da Sala Virtual reafirmando a importância da agricultura familiar e a necessidade de reunir lideranças do setor para avaliar o cenário e apontar caminhos diante da pandemia. É a segunda Sala Virtual dedicada ao tema que envolve agricultura familiar.
“A CTB tem se preocupado em trazer temas da ordem do dia para municiar o nosso exército militante”, disse Adilson. O dirigente lembrou que essa iniciativa é estratégica diante de um governo que é “célere” com o apoio aos bancos destinando 17% do PIB, enquanto “maltrata a maioria da população”.
Segurança e saúde do trabalhador
Gabriel Bezerra, presidente da Confederação de Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), disse que a entidade tem usado whatspp, para orientar trabalhadores e trabalhadoras durante a pandemia. De acordo com ele, aqueles que estão na ativa podem estar vulneráveis ao contágio nos meios de transportes e nos locais de trabalho. O sindicato acionou governos municipais e estaduais reivindicando proteção aos trabalhadores e a necessidade da utilização de equipamentos e medidas de segurança.
Ações de fiscalização são fundamentais neste período de pandemia mas os trabalhadores sofrem as consequências do fim do Ministério do Trabalho e o enfraquecimento das ações de fiscalização, ressaltou Gabriel. “O trabalho assalariado rural passa despercebido pelo governo Bolsonaro que não tem critério com a classe trabalhadora”.
Agravamento de várias crises
Para Rosmari Malheiros, da direção da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), ogoverno de Jair Bolsonaro vem na contramão de previsões como da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que apontam a agricultura familiar como essencial na pandemia e no pós-pandemia. “Bolsonaro desmontou o Ibama, o ministério do meio-ambiente e privilegia o grande capital”.
“Em tempos de pandemia a gente precisa se alimentar bem. A fome não espera a fome tem pressa dizia o Betinho”, ressaltou a dirigente. Betinho é Herbert de Sousa, que coordenou nos anos 90 a Ação da Cidadania contra a fome e a miséria. Rosmari ainda lembrou que os números de subnutrição voltaram a subir depois de décadas. “No Brasil isso aumentou com a pandemia. Já estamos dentro do mapa da fome e agora este quadro de desnutrição e pobreza pode aumentar”.
Agricultura familiar à própria sorte
As medidas do governo não resolveram em nada os problemas enfrentados pela agricultura familiar. É a opinião de Marcos Brambilla, o Presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Paraná (Fetaep). Segundo ele, após o susto com os impactos da pandemia os trabalhadores tentam se reinventar e se apoiar nas redes sociais. “Mas esses experimentos não resolvem o problema como a redução na comercialização. As medidas do governo não ajudaram, só traz burocracia”.
A deputada estadual Elisangela Moura (PCdoB-PI) afirmou que a crise sanitária nos estados está sendo “segurada pelos governadores” enquanto o governo federal se omite. Ela faz parte da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar na assembleia piauiense, que tem discutido um programa de apoio estadual à agricultura familiar. A parlamentar informou ainda que está sendo debatido o desenvolvimento de um aplicativo de delivery para que os agricultores possam garantir a entrega dos produtos.
João da Cruz, presidente da Federação dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras Familiares da Bahia (Fetag-BA) reforçou que o país está sem governo. “Temos um desgoverno que não tem respeito com os nossos trabalhadores, em especial aos assalariados e assalariadas rurais e aos agricultores e agricultoras familiares que são responsáveis por mais de 70% dos alimentos que vão à mesa do brasileiro. Nós também geramos mais de 70% da mão de obra no campo”.