Por Francisca Rocha
A pandemia do coronavírus deixou claro para quem quiser enxergar de que lado está o presidente Jair Bolsonaro. Desde o início de seu mandato vem atacando sistematicamente as servidoras e servidores públicos para entregar nossas mais importantes estatais à sanha de grandes conglomerados econômicos internacionais.
Escolheu como seus inimigos primordiais os educadores, os artistas, os cientistas, os estudantes, enfim todos que sabem que a terra é redonda. Com o aprofundamento da crise, já forte, causada pelos projetos econômicos do ministro Paulo Guedes destruidores do trabalho e beneficiadores do grande capital.
A pandemia deixou isso muito transparente no tipo de “ajuda” dada aos trabalhadores informais e desempregados e nos trilhões de reais destinados aos banqueiros, que não produzem nada. Lembrando que o presidente ainda relutou em aplicar a ajuda aprovada pelo Congresso Nacional de R$ 600 a R$ 1.200 aos que mais precisam.
A sua pequenez transparece dia a dia ao virar garoto propaganda de remédio, sem comprovação científica, contra o coronavírus e a sua inépcia à frente do governo. O desastre só não está sendo maior porque os governadores têm sido mais sensatos neste momento. Mesmo assim, em muitos estados a ação governamental ainda é insuficiente para melhorar a produção dos ingredientes necessários para vencermos a Covid-19.
Com isso, trabalhadoras e trabalhadores da saúde ficam expostos à contaminação por falta de equipamentos de proteção ao cuidar de doentes. Diversas categorias de trabalhadores correm riscos por falta de procedimentos adequados de proteção. Quem trabalha na limpeza e coleta de lixo, no transporte coletivo, em supermercados e outros setores da alimentação e as pessoas que não estão em isolamento social estão ao deus-dará.
Especificamente na educação está um Deus nos acuda. Governadores e prefeitos implantam ensino a distância sem levar em conta que quase a metade dos estudantes não têm computador em casa ou acesso à internet gratuita. Professoras e professores também precisam de estrutura compatível para o EaD.
Os governantes deveriam aproveitar este momento crítico para incentivar a produção dos insumos necessários para o combate ao coronavírus na indústria nacional, revogar a Emenda Constitucional 95 – conhecida como teto de gastos – e investir nos serviços públicos de saúde, educação, comunicação e cultura com urgência.
Referente à educação pública, poderia aprovar imediatamente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) permanente e com ampliação de recursos, aumentar o Piso Nacional Salarial e os estados e municípios ampliarem a estrutura das escolas, preparando-as para a volta as aulas após a pandemia.
Investimentos em educação em todos os níveis são essenciais para o desenvolvimento de pesquisas científicas, inclusive para a descoberta de remédios e vacina contra o coronavírus. E todo mundo está vendo que somente as universidades públicas desenvolvem projetos e pesquisas.
Com ciência e inteligência sairemos dessa crise maiores. Um mundo fraterno, com valorização do coletivo, do social, onde prevaleça a solidariedade e a generosidade. Mãos à obra para construir esse novo mundo.
Em tempo: por onde anda o ministro da (In)Justiça Sergio Moro este momento tão crucial para o país?
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP).