Por Railídia Carvalho
A pandemia do coronavírus trouxe à tona as condições de trabalho precárias em que está uma parcela significativa dos jovens brasileiros. Buscando alternativas para a crise, a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) abordou na live semanal, realizada nesta terça-feira (7), o tema “Desafios da Juventude Trabalhadora em Tempos de Coronavírus”. “O retrato da juventude no mercado de trabalho atual nos mostra uma perspectiva futura de como vai se configurar este mercado. Vamos querer baixos salários, informalidade e muitas horas trabalhadas?”, questionou Luiza Bezerra, secretária de Juventude da CTB.
O mercado informal tem sido o destino da grande maioria dos jovens brasileiros. “Muitos vão depender do apoio da renda emergencial para se sustentar neste momento da pandemia. E tem ainda um grande contingente de jovens que são trabalhadores de aplicativos, como o ifood, que continuam funcionando, e essas empresas não oferecem nenhuma proteção social a esse trabalhador”, afirmou Luiza. Segundo ela, as consequências da crise econômica atingia a juventude antes da pandemia e a crise sanitária que se instalou há quase um mês acentuou um quadro grave de ausência de direitos trabalhistas e sociais.
Luiza destacou a contribuição dos doutorandos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Juliane Furno e Euzebio Jorge Silveira de Sousa durante a live. De acordo com ela, os convidados vêem neste atual momento a possibilidade de evidenciar o quanto está “se desmanchando” esse modelo de empreendedorismo, pregado pelas forças políticas que sustentam o atual governo de Jair Bolsonaro. “Está mais do que evidente que este discurso é uma balela e este é o momento de disputar a opinião pública”, reiterou a dirigente.
“Não somos contra o empreendedorismo. Mas estamos falando sobre essa cultura do individualismo que nega a luta coletiva, que diz que basta a pessoa querer e se esforçar pra subir na vida, que necessariamente é bom não ter patrão (mesmo trabalhando 12h diárias e ganhando um salário mínimo, sem 13o, sem férias, sem seguro-desemprego, sem auxílios-doença, por exemplo”, esclareceu Luiza.
Em janeiro deste ano a CTB Jovem lançou a proposta de ampliar as formas de organização e público-alvo das ações sindicais. “Além dos nossos sindicatos organizarem os jovens trabalhadores formais também centraríamos esforços em sindicalizar e aproximar do movimento sindical aqueles que estão na informalidade e os desempregados. O mercado de trabalho mudou muito. Tem muito trabalhador formal que também não está sindicalizado”, informou Luiza.
Ela elogiou a presença de muitos dirigentes de diversas faixas etárias na Live do dia. “Debater juventude é uma tarefa de todo mundo. São mais de 50 milhões de jovens no Brasil. A responsabilidade de trazer esse segmento para a luta da classe trabalhadora não é apenas do jovem mas para isso é preciso criar caminhos para atrair a juventude a participar dos debates”.