Por Railídia Carvalho
A videoconferência realizada nesta quarta-feira (1º) entre as centrais sindicais e o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, teve como pauta postos de trabalho, renda, acordos salariais e saneamento e serviços básicos. A Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) denunciou que é grave a situação dos trabalhadores de serviços essenciais, em especial na saúde, que têm vivido uma rotina sem equipamentos de proteção no tratamento de pacientes com coronavírus.
A CTB foi representada por Renê Vicente, presidente da CTB/SP, e Wagner Gomes, secretário Geral da CTB nacional. De acordo com Wagner, os relatos feitos por trabalhadores da saúde apontam que aumentaram assustadoramente os casos de contágio entre esses profissionais. “É o pior dos mundos porque enquanto aumentam os casos de Covid-19 diminuem os equipamentos de proteção individuais. Não tem máscara o que obriga médicos e enfermeiras a reutilizar máscaras. Nós fomos na reunião cobrar uma providência”, contou Wagner.
As centrais propuseram que o governo do Estado acione o Governo Federal para providenciar esses equipamentos ou ainda crie condições para que empresas com produção desativada neste momento possam ser adaptadas para produzir máscaras, luvas e outros EPIs. “O governo de São Paulo diz que está estudando e enquanto isso o equipamento não aparece. É igual aos 600 reais que até hoje o presidente não sancionou e já tem quase cinco dias que foi aprovado”, criticou Wagner.
Durante a reunião, o vice-governador afirmou que o governo do Estado autorizou a compra de um milhão de testes para o Covid 19, mas só conseguiu obter 20 mil. A implementação da quarentena, a procura por programas direcionados a socorrer o micro e o médio produtor, e um estudo em andamento para avaliar a reconversão industrial foram medidas citadas pelo governo de São Paulo durante a reunião. “É um festival de medidas que não se tornam realidade”, observou Wagner.
O sindicalista pediu aos trabalhadores dos serviços essenciais que denunciem aos sindicatos situações que colocam o trabalhador vulnerável. Além dos trabalhadores da saúde, Wagner citou também aqueles que atuam no ramo dos transportes. “O governo do Estado precisa garantir a segurança do trabalhador e da população. Essa situação precisa chegar até a grande imprensa, que ainda não deu a devida atenção a essas denúncias”.
De acordo com Wagner, os sindicalistas também cobraram do vice-governador a presença do sindicato nas reuniões e articulações que afetem os trabalhadores do Estado. “Eles resolvem reduzir salário, reduzir jornada sem a presença do sindicato. Tomam uma série de medidas e não falam com os sindicatos. Cobramos a nossa participação em todas as mesas que tratarem desse tema. Individualmente o trabalhador não tem como agir”, complementou Wagner.
De acordo com o sindicalista, a CTB tem orientado as seções estaduais para realizarem reuniões com os governos estaduais. “Queremos descentralizar e assegurar que o trabalhador tenha voz junto aos governos estaduais assim como a população mais vulnerável”, concluiu Wagner.
Confira outras reivindicações das Centrais Sindicais junto ao governo do Estado de São Paulo
- Diálogo permanente com o governo do Estado de São Paulo para buscar alternativas para garantir a manutenção dos postos de trabalho.
- Aplicação da renda básica emergencial para o Estado de São Paulo
- Manutenção dos acordos salariais vigentes dos trabalhadores que estão na linha de frente do combate à pandemia. Ofício da Comissão de Política Salarial 01/2020 proíbe as negociações coletivas
- Debate sobre escalas mínimas em setores como o Metrô de São Paulo para evitar exposição desnecessária dos trabalhadores. De acordo com o sindicato da categoria houve queda de 60% na procura pelo Metrô.
- Religamento imediato no fornecimento de água e energia elétrica para aqueles que tiveram o fornecimento cortado por motivo de inadimplência. Água, saneamento e energia são serviços fundamentais para o enfrentamento da pandemia.