De uma coisa certamente Jair Bolsonaro tem dado fartas provas de que é campeão: a capacidade de isolamento político. Impressiona esta sua vocação. Começou o primeiro ano do malfadado mandato esfacelando o próprio partido pelo qual se elegeu, de modo que não tem sequer uma legenda que o represente nas eleições municipais previstas para outubro.
É um caso único, isolado no mundo, de renitente desorientação no combate ao coronavírus, na contramão da ciência, da OMS e até mesmo do Ministério da Saúde. Neste caso ele ganharia mais se ficasse calado e isolado em casa. Mas ele só se mostra capaz do isolamento político.
Agora está se isolando dentro do próprio governo, onde até o ministro da Economia, seu “Posto Ipiranga”, diz que, como cidadão, quer (e deve) “ficar em casa e fazer o isolamento”. A orientação do Ministério da Saúde, e a última entrevista do chefe da pasta em que advoga o isolamento social, confrontam o discurso do presidente, que aparentemente preocupa os militares e agora foi também desprezado pelo ministro da Economia.
A impressão que fica de tudo isto é que ele já não governa. É preciso que se materialize o quanto antes a vontade das ruas, o grito noturno que recorrentemente ecoa das janelas e soará forte neste 31 de março: FORA BOLSONARO