Por José Reinaldo Carvalho, do Jornalistas pela Democracia
O pronunciamento irresponsável, criminoso e genocida do ocupante do Planalto em rede nacional de televisão na noite desta terça-feira (24) transmitiu uma certeza à nação: a de que ele não pode nem deve continuar no comando do governo.
Que Bolsonaro não tinha nem tem estatura para governar o Brasil, as forças progressistas e de esquerda já tinham certeza disto por identificarem nele um político autoritário, conspirador, intérprete de posições de extrema-direita e portador de um plano político nefasto – o de impor ao país um regime autoritário e executar em todos os terrenos políticas contrárias aos direitos do povo e aos interesses nacionais, incluindo a subordinação do país aos desígnios dos Estados Unidos.
Esta convicção fortalecia outra – a de fazer oposição enérgica ao seu governo e criar as condições para afastá-lo do posto que lhe serve de trampolim para a realização de inomináveis planos. Isto foi alimentando e robustecendo a formulação de uma linha política entre as forças da oposição e dos movimentos populares que encontra sua expressão na palavra de ordem “Fora, Bolsonaro”.
Agora esta convicção se espraiou e o conjunto da nação vai percebendo que o estado de coisas sob o governo Bolsonaro não pode nem deve continuar. Ele se incompatibilizou com o conjunto das forças democráticas e instituições da República.
A cada declaração, Bolsonaro escarnece o sentimento nacional, o bom senso, o decoro, os princípios democráticos. No pronunciamento da terça-feira, fez zombaria com o perigo que afeta todos os brasileiros. No seu afã de agradar a interesses escusos, fez a população sentir-se ameaçada de genocídio.
Neste contexto, não passa despercebido o contraste entre o manejo da crise sanitária por Bolsonaro com o de outros governos. Contraste ainda maior quando se considera o que estão fazendo países socialistas, como China e Cuba, que, para além da atenção médica às suas populações, exercem de forma exemplar a cooperação e a solidariedade internacional.
No Brasil, estamos confrontados com um governo que não só liquidou as políticas públicas, como agride os direitos do povo trabalhador. E que age com insensibilidade e indiferença ante a crise sanitária.
Uma crise desta envergadura só pode ser enfrentada por um Estado nacional forte, com caráter progressista, que exerça papel preponderante na gestão econômica e do conjunto da vida nacional.
É preciso revogar as políticas de arrocho fiscal e teto de gastos, aumentar o investimento público e o gasto com a saúde, fortalecer o Sistema Único de Saúde, restabelecer o programa Mais Médicos e atender às necessidades mais prementes da população, como garantir o emprego e a renda mínima. São medidas urgentes que o governo Bolsonaro não enfrenta nem vai enfrentar.
Chegou a hora de intensificar a oposição enérgica e inconciliável ao governo de Jair Bolsonaro, um governo cuja continuidade acarretará uma crise social ainda mais devastadora tornando ainda mais penosas as condições de vida da esmagadora maioria da população.
Para além da deterioração das condições econômicas e sociais, o país está a braços com profunda crise política e institucional que não encontrará encaminhamento enquanto Bolsonaro estiver à frente do governo. Somente o seu afastamento poderá abrir caminho para uma solução democrática e institucional aceitável, capaz de fazer face aos urgentes problemas do país.
É indispensável a união de forças democráticas para criar as condições propícias à investidura de um governo de emergência nacional progressista e patriótico.