Por Fernando Brito, no Tijolaço
A confirmar-se a nomeação do general Walter Braga Netto para a a Casa Civil da Presidência da República, o Palácio do Planalto se torna, virtualmente, uma instituição militar, porque coabitarão ali o general Heleno (GSI), o general Luiz Ramos (Secretaria de Governo) e o major reformado da PM, Jorge Antonio Oliveira, na Secretaria-Geral.
Os efeitos, claro, não podem ser bons.
Afinal, quando o Exército invade e ocupa a política, nada mais natural que a política também invada o Exército.
Discreto, Braga Netto não é um politiqueiro como seu colega Ramos, que já no comando militar de São Paulo espalhava-se em churrascos e selfies com políticos.
Embora Onyx Lorenzoni já fosse pouco mais que um zero à esquerda, ainda era um deputado e tratar com milico, afinal, não é das coisas mais agradáveis para os parlamentares.
A relação, que já é ruim, tende a piorar.
Braga Netto traz, também, um inconveniente: tem-se de achar uma função para ele e certamente não serão as jurídicas, em parte já podadas da Casa Civil para o amigo e homem de confiança Jorge Oliveira, que vão atrair o novo general.
Pensar que ele vá assumir missões estratégicas esbarra no fato de que este governo não tem estratégia alguma.
A impressão é que Bolsonaro está se fechando num casulo militar, dada a sua incapacidade de articular-se na política.
Casulos, como se sabe, são protetores, mas são também prisões das quais só as larvas que se desenvolvem são capazes de sair, rompendo-os quando estão suficientemente fortes.
Não parece ser o caso da larva em questão.